AS VELHAS PECHAS STALINISTAS DO PC

O Partido Comunista Português é sem dúvida um grande partido de esquerda, o que mais lutou contra o regime salazarista, e indispensável à esquerda portuguesa.

Infelizmente, porém, sessenta anos depois da morte de Stalin, ainda não conseguiu libertar-se das velhas pechas stalinistas. Exemplo disso é a fotobiografia de Álvaro Cunhal que recentemente publicou, na qual, segundo noticia hoje o jornal i, não resistiu à velha prática de recriar a história, apagando das fotografias figuras “inconvenientes” como o socialista Mário Soares e a “folha seca” Carlos Brito.

Isto revela a tradicional postura do PC. Está sempre a falar da unidade da esquerda, mas no seu restritivo conceito de esquerda apenas cabem ele próprio e a sua criatura “Os Verdes”, unidos na CDU, que toda a gente confunde com o PC. Não se alia com mais ninguém.

 É este o drama da esquerda portuguesa: sem o PC pouco se pode fazer, mas com o PC ainda menos.

Comentários

JM Correia Pinto disse…
Absolutamente inadmissível!
Correia Pinto:
Inadmissível porquê?
Então o Carlos Brito não foi um militante destacado do PC durante dezenas de anos? Não faz parte importante da história do PC e do próprio Cunhal, de quem foi próximo colaborador? Porquê então suprimi-lo?
E o Soares não estava na receção ao Cunhal quando este regressou? Há inúmeras fotografias desse facto histórico. Porquê apagá-lo?

Eu disse e repito que o PC é indispensável à esquerda. Mas porque continua a fechar-se tanto?
JM Correia Pinto disse…
Meu Caro Horta Pinto
Afinal, depois de ler o i on line, verifiquei que as coisas não foram bem assim. Não há “eliminações” como as de Trotsky ou de Zinoviev. O que há tanto quanto percebi é a escolha de umas certas fotografias em vez de outras.
O que o Joaquim Vieira diz interessa pouco. É muito sectário e vê sempre as coisas de um modo muito pessoal e subjectivo. É o último tipo com legitimidade para vir falar de objectividade. Por outro lado, a questão do tanque (o discurso em cima do tanque) está contado e recontado à saciedade pelo Jaime Neves. Foi o Jaime Neves que convidou o Cunhal a subir. O Mário Soares não era para ali chamado porque já tinha tido, salvo erro no dia anterior, a sua recepção em Santa Apolónia (e desde Vilar Formoso). Tratou-se de um acaso. Alguma vez o Jaime Neves ouviu falar na estação de Helsínquia? Por favor…
É claro que é discutível que Carlos Brito, por exemplo, não apareça na fotobiografia, assim como discutível é a ausência de Gorbachov. Não se trata verdadeiramente de uma censura. Quem quiser pode publicar essas fotos. Nem se trata de nenhuma montagem. Trata-se antes de uma grande dificuldade em lidar com a própria história. E isso é que é lamentável.
JM Correia Pinto disse…
Horta Pinto
Como é possível que tenhas percebido exactamente ao contrário o meu primeiro comentário? Ele é ainda mais claro que a Lei de limitação de mandatos!
O que fiz a seguir foi corrigir parte do que antes disse em duas palavras por ter sido indiuzido em erro pela capa do I e pelo teu texto.
Abraço
CP

Caro Correia Pinto
Agora vejo que ao ler apressadamente o teu primeiro comentário, interpretei-o ao contrário.Desculpa!
De facto parece que não houve propriamente trucagem nas fotografias, mas apenas uma escolha excessivamente seletiva.

Um abraço
AHP

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