Passos Coelho: a alienação a par da mesquinhez…
Ontem, no rescaldo das eleições autárquicas, Passos Coelho apareceu a reconhecer publicamente que "O PSD registou uma derrota eleitoral nacional" link e logo de seguida enveredou na sua arenga redonda e errática onde deu mostras de algum desatino.
Disse depois: "…Quero reafirmar que, como presidente do PSD e como primeiro-ministro, me continuarei a bater pelo caminho que temos vindo a percorrer, que é um caminho indispensável à recuperação da crise económica, recuperação de confiança e do crescimento para Portugal"… link.Passos Coelho não se bate por coisa alguma. Debate-se em contradições. Na verdade, mistura tudo. Fala, simultaneamente, como presidente do PSD e como primeiro-ministro revelando uma dissociação da sua identidade [personalidade] política deveras preocupante. Um exemplar e insano caso de ‘dupla personalidade’.
Passos Coelho apareceu, ontem, como um homem fracturado. Pior, dramaticamente destroçado. Como presidente do PSD reconhece que as eleições autárquicas “têm sempre uma leitura nacional” para logo de seguida – como primeiro-ministro – afirmar que prosseguirá o [desastroso] caminho que tem percorrido até aqui. Passos Coelho anuncia leituras mas quanto a tirar ilações: - nada.
Quando se pretende ocultar fragilidades enceta-se um caminho perigoso. Nunca se sabe antecipadamente qual a fissura (pequena? ou grada ?) capaz de fazer desabar o edifício.
O Governo não é uma pura emanação eleitoral. Até porque nasce de eleições parlamentares. Em Portugal – como de resto na maior parte das democracias – o seu sustentáculo político assenta no apoio do(s) partido(s) maioritário(s). Passos Coelho exerce funções de primeiro-ministro porque é o presidente do PSD. Não foi nenhuma escolha divina. Quando o seu partido baqueia face ao eleitorado o primeiro-ministro não pode apresentar-se aos portugueses com convicções reforçadas para anunciar que vai prosseguir no ‘tal [mesmo] caminho’.
A tentativa de banalizar, ou diminuir, a vontade expressa eleitoralmente por um povo sofrido e desgastado pelo desemprego, cortes salariais e perda de direitos sociais, etc, é altamente imoral. Certamente que os portugueses não necessitam nem beneficiam desta imoralidade que se alimenta da alienação dos valores democráticos. De facto, a mesquinhez política é penosa, confrangedora e perigosa.
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E demonstra a sua falta de inteligência e de bom senso: não é sequer capaz de aprender com os seus próprios erros e com as suas próprias derrotas.