A sessão do 25 de Abril 2016 na AR…


O discurso de Marcelo Rebelo de Sousa na Assembleia da República trouxe algo de novo ao ambiente político nacional link. Foi uma alocução relativamente estabilizadora e pacificadora sobre o actual momento político em manifesto contraste com as enfadonhas, vazias e algumas vezes ameaçadoras perorações do anterior presidente da República.

À posteriori o País vai tomando consciência das suas passadas - mas vivas - desgraças, quer em relação à presidência, quer, também, no que diz respeito à governação.

Estes contrastes incomodam a Direita que governou mais de 4 anos, com um programa que sempre desejou e foi ditado ao País pela troika, herança que só por hipocrisia e os maus resultados quer rejeitar. 
Tudo o que se pretendeu apresentar aos portugueses como inevitável está a ser desmontado e a percepção de que tivemos sujeitos no anterior governo a um rígido programa ideológico é cada vez maior. 
A sensação de evidente engano entre o que, em 2011, a Direita quis apresentar aos portugueses como sendo um programa de ‘resgate’ e o que na prática queria efectivamente fazer é cada vez mais nítida para muitos portugueses.

O actual governo do PS, apoiado por toda a esquerda parlamentar, vai ser confrontado com inúmeras dificuldades, muitas delas oriundas da Direita, mas que uma esperança nascente e assente na possibilidade de, contra os obstáculos políticos, económicos e financeiros, sejamos capazes de apostar – e trabalhar - pela justiça e igualdade social, no combate às desigualdades, na erradicação da pobreza, no crescimento económico e na criação de emprego é a melhor homenagem que podia ser feita aos homens que fizeram os 25 de Abril.

Uma forte convicção de mudança foi a bissectriz transversal maioritária nas comemorações da AR.
A Direita pela voz do seu maior partido foi a nota dissonante pretendendo requalificar ao legítimos anseios dos portugueses como ‘demagogias’, ‘infantilidades’ e ‘intolerâncias’  link .

Para a Direita desenvolver uma política ‘adulta’ é comportar-se como um menino (passe a contradição etária) arrumado, obediente e disposto a comer a sopa toda, não importa o seu conteúdo e quem a tenha cozinhado.
Para a Direita não existem opções ideológicas. A política é acima de tudo um rol de situações pragmáticas que camuflam a doutrina subjacente. O presente governo, que merece o apoio pela Esquerda parlamentar, desmente esta falácia conservadora e cada dia que passa torna o discurso neoliberal incongruente e vazio.

Existe um parágrafo no discurso presidencial hoje proferido na AR que assenta que nem uma luva na política de Direita desenvolvida nos últimos 4 anos:
O Portugal que acredita na Europa tem de lutar por uma Europa menos confidencial, menos passiva, mais solidária, mais atenta às pessoas, e sobretudo que não pareça aprovar nos factos o oposto daquilo que apregoa nos ideais”.

E mais à frente proferiu outra afirmação que a Direita, na Oposição, recusa-se a aceitar:
Felizmente, também, há, no nosso País, neste momento, dois caminhos muito bem definidos e diferenciados quanto à governação, ao modo de se atingir as metas nacionais”.

Termino evocando Sttau Monteiro:
Felizmente há luar!

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