CDS e PSD: de protagonistas a espectadores…
A Direita anda desorientada e com falta de imaginação. À boleia do Programa de Estabilidade e Crescimento 2016 queria repetir a ‘rábula’ de 2011 com o PEC IV do governo de José Sócrates.
Viu com nervosismo e algum recalcamento a proposta de rejeição ao PEC 2016, colocada pelo CDS e apoiada pelo PSD, ser rejeitada pela maioria de Esquerda no Parlamento link.
Estamos mais uma vez no domínio da infantilidade da cultura política. Cabe aqui uma frase de Marx: A História acontece primeiro como tragédia, depois repete-se como farsa.
E a farsa de hoje no Parlamento levou essa Direita em desagregação a invectivar a Esquerda acusando-a de estar a ‘engolir sapos’ quando sabia - de papel passado (documento das 'posições conjuntas') - que a Esquerda não votará favoravelmente propostas de rejeição vindas da Direita
A Direita não é capaz de falar claro e com verdade aos portugueses. Tentou ingloriamente repetir o que conseguiu em 2011 link provocando a queda do Governo através da rejeição, na Assembleia da República, do denominado PEC IV.
A experiência que se seguiu, e durou 4 anos e meio, ‘vacinou’ os cidadãos contra veleidades de afirmação de princípios (abstractos) ao arrepio das condições políticas objetivas existentes no País.
PCP, BE e PEV preservam a sua autonomia política e partidária e, por isso, teceram críticas ao PEC 2016, não pela 'leitura' abstrata dos constrangimentos introduzidos no conteúdo desse documento, que não são bons para Portugal, mas porque essas alterações subalternizam o crescimento económico e a redução do desemprego em função de exigências à volta de décimas do deficit orçamental. Vincaram assim o seu repúdio pelas constantes interferências de Bruxelas.
Aliás, o mais adequado seria pensar que o próprio governo PS nunca faria esse um PEC 2016 deste calibre e de livre vontade.
As críticas ao PEC 2016 avançadas pela Direita e as denunciadas pela Esquerda não são cumulativas. Elas são produzidas por motivos e fundamentações diametralmente opostos.
A Direita quer voltar ao seus velhos tempos de austeridade e empobrecimento e a Esquerda pretende 'varrer' a austeridade o mais rapidamente possível porque a considera um relevante fator de frenagem ao desenvolvimento.
A Direita não percebeu (ou finge não ter notado) que a correlação de forças políticas e partidárias se alterou profundamente. Enquanto não entender isto o seu papel na Oposição vai valer pouco. Permanecerá na AR como uma mera e saudosista excrescência democrática.
O malogrado PaF tornou-se num mero espectador da ‘geringonça’ a funcionar…
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