Gastamos mais tempo a combater adversários do que a defender correligionários, numa espiral de ataques em que debilitamos as instituições e corroemos o poder dos políticos sem o qual a anarquia se instala e o jogo democrático é pervertido. Os constrangimentos sociais e a cobardia individual promovem o medo de defender os políticos, como se estes fossem mais corruptos do que os outros cidadãos, mais venais, impreparados ou oportunistas. A política, a religião e o futebol são em Portugal os temas que mais excitam a crispação. Qualquer dos temas fomenta quezílias e inimizades. No futebol, a ignorância evita-me o mais escaldante. Quanto às religiões, considerando-as criações humanas, sem razão para as prezar, desgosto equitativamente todos os crentes. É, pois, na política que suscito mais estima, raiva, simpatia ou repúdio, com expressões tão pitorescas como mandarem-me para a União Soviética, Cuba e Coreia do Norte ou tratarem-me por comissário político do PS, BE ou PCP, inútil, i