LUTERO – 508.º aniversário das Teses de Lutero – 31 de outubro de 1517
Há 508 anos, Martinho Lutero enviou as famosas 95 Teses anexadas a uma carta a Alberto de Mainz, Arcebispo de Mainz, tornando-se este monge agostiniano na principal referência da Reforma Protestante.
Ter posto
em causa dogmas da Igreja católica e, sobretudo, a autoridade do Papa, foi a
heresia que fez mais pelo progresso e pela emancipação do pensamento do que
todas as verdades aceites até aí.
É hoje
irrelevante que o Paraíso se possa comprar a retalho ou por junto, que os
pecados possam ser perdoados em euros ou em orações, que o Papa seja infalível
ou mero CEO de uma multinacional da fé. A heresia é sempre mais fecunda do que
qualquer verdade absoluta. E a forma de conquistar o Paraíso, para os que
sonham com uma vida para além da única e irrepetível que nos cabe, é mera opção
de quem tem fé.
Depois de
Lutero, excomungado pelo Papa que viu prejudicados os seus negócios com as
indulgências e fugir-lhe a clientela, agora repartida por outras obediências, a
Europa ganhou o hábito de pensar e, sobretudo, a capacidade de contestar as
ideias feitas.
Lutero não
perdeu os tiques autoritários do clero nem se curou do antissemitismo que o
cristianismo transporta ao atribuir aos judeus a morte do seu Deus, mas
transmitiu para o futuro o espírito crítico como hábito e a reflexão como
método.
Não cabe a
um ateu julgar o intelectual que abriu novos caminhos à fé, mas enaltecer o
homem que acabou por abrir novos horizontes para a razão.
Lutero e Calvino,
em parceria, são dois vultos que se ergueram e influenciam a História, sendo determinantes
para o início da Idade Moderna.
A Reforma,
com a chamada ética do trabalho, precipitou a expansão e consolidação da
revolução burguesa no norte da Europa.
Ainda hoje
Portugal está a pagar os efeitos nefastos da Contrarreforma que varreu os
Países do Sul, nomeadamente Portugal onde Reforma não chegou e a Contrarreforma
foi a tragédia da nos apanhou.
Devemos recordar a data que marcou a História e lembrar o homem que fez História.

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