O PR e a homenagem a Melo Antunes

Há quem nunca tenha sentido a carência da liberdade enquanto tratava da vidinha e não precisasse de outros livros para além dos da especialidade. Há quem tivesse deixado um Governo fazer a guerra, injusta e criminosa, sem um lamento, sem revolta e sem correr qualquer risco.

Essa foi a regra e não a excepção, mas os medrosos ou indiferentes não seguiram uma carreira política.

Cavaco foi ministro, líder partidário, primeiro-ministro e presidente da República. Deve à democracia o que nunca teria em ditadura e comporta-se como se fosse a democracia a ter uma dívida para com ele.

Como primeiro-ministro deu a dois pides uma pensão que recusou a Salgueiro Maia, e o país, esquecido, confiou-lhe o voto e fez dele o mais alto representante da República.

Como PR foi o responsável pela trapalhada do caso das escutas, a mais grave insinuação contra um Governo que, nesse caso, foi alheio à alegada patifaria e alvo da intriga.

Agora foi o triste episódio da homenagem a Melo Antunes. Poucos fizeram tanto por Portugal como esse intelectual brilhante, militar honrado e herói de Abril. O PR, com o mesmo desinteresse com que exonerou o cravo da lapela, no 25 de Abril, desculpou-se com a agenda de que não divulgou a incompatibilidade, e enredou-se numa deplorável explicação à altura do caso das escutas.

Há quem não mereça o que Abril lhe deu. É o caso do PR que sou obrigado a respeitar mas não tenho obrigação de estimar. O País merecia melhor.

Ponte Europa / Sorumbático

Comentários

ana disse…
Quando eu tinha 14 anos uma colega minha teve a ousadia de dizer a uma professora uma coisa, na altura impensável: "só a sua voz me irrita". A turma ficou em suspenso, à espera da represália, que por milagre não houve. Esta frase acompanhou-me a vida toda. E quando este homem abre a boca a minha única vontade é raspar-me e bem depressa. Só a voz dele me irrita.
Maria C disse…
Irrita a voz e irrita o que diz, a maior parte das vezes!

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