Governo decide

"Conselho de Ministros, na reunião de hoje, aprovou, na generalidade, dois diplomas que concretizam os compromissos assumidos no Programa do XVII Governo Constitucional, de modernização e credibilização global do sistema político, de qualificação da democracia e de reforço da estabilidade e eficiência da Administração Pública.

Proposta de Lei que estabelece regras para as nomeações dos altos cargos da Administração Pública
Com esta Proposta de Lei, o Governo pretende definir e clarificar as regras aplicáveis à nomeação dos dirigentes da Administração Pública, limitando a actual situação de discricionariedade política.

Nos termos da Proposta do Governo, torna-se claro na lei os cargos que cessam automaticamente por força da mudança de Governo e aqueles que se devem manter não obstante as vicissitudes eleitorais. Assim, o Governo propõe que apenas os altos cargos dirigentes de direcção superior cessem automaticamente com a mudança de Governo e que, mesmo de entre esses, tal regra não se aplique às secretarias-gerais, inspecções-gerais, ou organismos equiparados, bem como a outros serviços onde vigorem regras especiais de inamovibilidade ou cujas atribuições tenham natureza predominantemente técnica, assim reconhecida nos respectivos diplomas orgânicos ou estatutários.

Os cargos de direcção intermédia ficam, também, afastados deste regime de cessação automática, sendo eliminado o actual regime de simples nomeação introduzido pelos Governos anteriores. Assim, o provimento nesses lugares obedecerá a um procedimento adequado de concurso simplificado de selecção que, sem descurar a necessidade de imprimir celeridade no recrutamento, garantirá a transparência e a independência dessas nomeações.

Visa-se, com este novo regime, dar um passo relevante na história da Administração Pública Portuguesa, reforçando as condições de estabilidade das Administrações e de eficiência do seu funcionamento e restringindo-se os cargos sujeitos a variações de natureza eleitoral àquelas situações em que tal verdadeiramente se justifica, por motivo da boa aplicação do Programa do Governo legitimamente adoptado.
Do conjunto de alterações propostas por este diploma, é de realçar, ainda, o seguinte:

- O estabelecimento da exigência de cursos adequados de formação para dirigentes da Administração Pública;

- A criação da figura da Carta de Missão, que configura um compromisso de gestão dos dirigentes nomeados, relevante para a avaliação do modo de exercício das funções que lhes são confiadas;

- Possibilidade de, em caso de concursos desertos ou sem candidatos que preencham os requisitos exigidos, proceder ao recrutamento de chefias intermédias fora da Administração Pública;

- Condensa-se num único preceito, em alguns casos por remissão para diplomas avulsos, todo o regime de acumulação de funções, impedimentos, incompatibilidades e inibições do pessoal dirigente;

- Reafirma-se que os titulares dos órgãos e cargos dirigentes das sociedades anónimas de capitais públicos, das entidades públicas empresariais e das entidades administrativas independentes, designadamente das autoridades reguladoras independentes, se regem pelos regimes jurídicos específicos que lhes são aplicáveis, realçando-se, todavia, que os diplomas orgânicos ou estatutários das últimas devem prever a intervenção da Assembleia da República no procedimento de designação daqueles titulares e, ou, no acompanhamento do exercício das respectivas funções.” in www.portugal.gov.pt

Excelente medida que é, na minha opinião, um sinal claro do tipo de governação que o Partido Socialista pretende fazer no sentido de tornar o poder político na sua manifestação público- administrativa mais credível e séria, de acabar com alguns dos vícios e “lobbys” que tem impedido o desenvolvimento do nosso país . Era, de facto, altura de dizer basta à barafunda que tomava conta do aparelho administrativo do estado sempre que se verificava uma mudança de governo, com prejuízo claro para o desenvolvimento do país e para a necessária reforma da administração pública, é preciso garantir racionalidade e estabilidade na gestão da administração pública.
Este é um sinal claro da vontade reformadora deste Governo, que espero continue noutras áreas, cá estaremos para lutar por um Portugal mais evoluído e sério, onde o poder corporativo nas suas diversas vertentes (característico dos países menos evoluídos ) seja cada vez mais uma miragem...
Nuno Moita da Costa

Comentários

Anónimo disse…
Nuno:
Coloca um título no post e não alteres a cor do terceiro parágrafo porque não consegue ler-se.
Anónimo disse…
MAIS DO MESMO PARA PIOR

Infelizmente o governo perdeu a oportunidade de assumir uma postura verdadeiramente reformadora e introduzir uma lufada de ar fresco nesta matéria, criando verdadeiros factores de moralização da vida política.
Em vez disso preferiu optar pela demagogia deixando na prática tudo “quase” na mesma, com concursos de vencedores antecipados como aperitivo.
Um passatempo interessante é começar a elencar os vencedores dos concursos para os lugares de direcção regional… olhar os nomes… fazer o balanço… e rir! Viva o rigor!
Reproduzo aqui um comentário que em Março fiz, na Ponte Europa, a um post do Mário Ruivo. Infelizmente os meus receios confirmaram-se.
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“Dou os parabéns ao novo governo e ao ministro António Costa pela iniciativa. Aplaudo o princípio mas tenho dúvidas sobre o modelo tal como foi divulgado pela imprensa.
Pessoalmente sempre defendi que dentro dos lugares da administração pública deviam estar claramente elencados os lugares de “pendor político”. Estes deveriam funcionar por nomeação de confiança pessoal e política dos governantes da tutela, com fim de funções automático com as mudanças da tutela, sem possibilidade de braços de ferro ou indemnizações.
Aos outros, de carácter técnico, deveria aplicar-se o concurso público, com as necessárias garantias de estabilidade, continuidade e independência.
Conhecemos os aparelhos partidários, especialmente dos partidos com cultura de poder como o PS e o PSD. Também conhecemos os outros que gravitam em torno dos partidos e que o Mário Ruivo descreveu no seu “post”.
Se as regras do jogo não estiverem muito bem definidas e sem possibilidade de equívocos lá se vai a bondade da reforma e teremos de novo “mais do mesmo” só que tudo aparentemente abençoado por pseudo-concursos, decididos por júris nomeados de acordo com as conveniências do momento.
É fundamental que as regras sejam definidas cuidadosamente. É no correcto elencar dos lugares de nomeação, que reside precisamente um dos pontos críticos que pode comprometer o sucesso da iniciativa.
O critério deverá ser o da efectiva separação entre os lugares políticos e os técnicos e nunca critérios que tenham por base a categoria do lugar.
Segundo foi divulgado a proposta legislativa irá restringir a selecção dos lugares políticos a alguns de entre os directores e subdirectores gerais que, segundo tem sido divulgado, mesmo assim já seriam em número exagerado. É um erro.
Tal como certamente existirão muitos directores e subdirectores gerais cujos lugares são técnicos, existem directores e delegados regionais e mesmo directores e chefes de serviço cujos lugares apresentam forte pendor político.
É aqui que eu divirjo na forma com a proposta do governo. O governo quer elencar os lugares políticos pela sua categoria, na minha opinião deveriam ser elencados pelo seu carácter político ou técnico, independentemente da categoria remuneratória.
Esta opção errada é uma fraqueza desnecessária com que esta reforma nasce. Espero que não a comprometa e não venha a ser a justificação para o reinício dos concursos fantasma ou para o seu abandono.
É fundamental que uma lei deste tipo tenha os seus alicerces num entendimento parlamentar alargado, no mínimo entre os dois maiores partidos. Só assim poderemos ter garantias de continuidade.
A regulamentação desta matéria é importante para a clarificação da vida política nacional e para a necessária modernização do país.
É importante que o governo resolva atempadamente estes dois pontos críticos. Elenque criteriosamente e de forma abrangente os lugares de nomeação política e que consiga negociar uma plataforma de entendimento que dê garantias de continuidade para além das mudanças governativas. Então sim estará de parabéns sem reservas.”
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Carlos Ferreira
Anónimo disse…
That's a great story. Waiting for more. » »

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