Ramalho Eanes referiu como trágica a descolonização em que «milhares de pessoas foram obrigadas a partir para um país que não era o seu». Tem razão o ex-PR cujo papel importante na democracia e o silêncio o agigantou depois da infeliz aventura por interposta esposa na criação do PRD e da adesão à Opus Dei, sempre por intermédio da devota e reacionaríssima consorte, que devolveu o agnóstico ao redil da Igreja. Eanes distinguiu-se no 25 de novembro, como Dinis de Almeida no 11 de março, ambos em obediência à cadeia de comando: Costa Gomes/Conselho da Revolução . Foi sob as ordens de Costa Gomes e de Vasco Lourenço, então governador militar de Lisboa, que, nesse dia, comandou no terreno as tropas da RML. Mereceu, por isso, ser candidato a PR indigitado pelo grupo dos 9 e apoiado pelo PS que, bem ou mal, foi o partido que promoveu a manifestação da Fonte Luminosa, atrás da qual se esconderam o PSD e o CDS. Foi nele que votei contra o patibular candidato do PSD/CDS, o general Soares...
Comentários
Islamistas e católicos?!... no mesmo barco...
Manuel Brito/Porto
Não se esqueça que a Europa está secularizada. A ausência de lutas religiosas deve-se, sobretudo, à reduzida importância das religiões no seu espaço.
No Islão, os clérigos temem a secularização. Só mantêm a fé com a violência que lhes conhecemos.
Tal como o catolicismo, na Idade Média, o Islão não tem agnósticos nem ateus.
P.S. Aprecio os seus comentários, mesmo quando discordo.
Em sede própria - CE e governo turco.
E seguramente fora do templo de Sta Sofia ou da mesquita azul, caminhos ínvios que os últimos acontecimentos - visita de Bento XVI - trouxeram para a ribalta.
Primeiro, surge a identidade geográfica já que, à excepção de Istambul, o País está fora da Europa.
Depois, a identidade cultural. Aqui joga o "factor mediterrânico" - a diversidade, altamente favorável à sua adesão à CE.
Finalmente, não atribuo relevância de maior à questão religiosa. Não vamos encontrar católicos e islâmicos (já agora judeus, ortodoxos...etc.) no mesmo barco. É, antes, uma Europa das nações, dos povos, secularizados, à procura de um destino comum e melhor.
A secularização, na Turquia, começou com Ataturk. Este era um militar.
Ainda hoje, a Europa percebe que a componente militar tem um peso excessivo na vida política turca.
É preciso limar, com prudência, esta aresta. Esta circunstância tem condicionado, p. exº., a resoluçaõ das questões em aberto com Chipre. Este obstáculo tem sido "explorado" pelo comissário europeu Olli Rehn, em nome da CE.
Outro problema, tem a ver com o previsto (na legislação turca) crime por "insultos à identidade turca", que como é obvio condiciona liberdades e garantias fundamentais dos cidadãos. Foi à sombra desta legislação que Orhan Pamuk, prémio Nobel da Literatura foi parar ao tribunal. Denunciou o genocídio arménio. A França, p. exº., "agarrou-se" a esta questão.
E por aí adiante ...
Assim, sobre a "questão turca" existem, ainda, múltiplos dossiers em aberto.
A nossa obrigação como portugueses e europeus é segui-los com atenção.
Ao governo português compete manter os seus cidadãos informados, logo, capazes de opinar fundamentadamente - sem ressentimentos e sem preconceitos.
Concordo com quase tudo o que disse.
No entanto no tocante á parte religiosa o problema não é tanto o convívio entre religiões, mas sim o fundamentalismo islâmico, que está vivo e bem vivo na Turquia.
Outro problema é a constante violação dos direitos humanos na Turquia.
Vitor Ramalho:
Obrigou-me a reler o texto duas vezes...
Fico-me pela mera coincidência.
Ele há coincidências assassinas...
Vamos celebrar
as coincidências.
Verdadeiras Deusas
disfarçadas
de cores, nomes, gostos
e momentos.
(poesia carioca)
A Europa teme a invasão dos turcos, seria seguramente o fim da macacada.