Entrevista de Saramago ao DN
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A estimulante entrevista de José Saramago ao Diário de Notícias, hoje, não decepciona. O mais notável ficcionista português, o Nobel do nosso contentamento, nunca desilude.
Mas uma coisa é gostar de o ler e, outra, diferente, concordar. Discordo da profecia da integração de Portugal em Espanha, não por nacionalismo, pecado que não cometo, mas por pragmatismo e convicção.
A geografia agrega-nos mas a história separou-nos e, por isso, a integração económica aprofunda-se mas persistem as diferenças culturais. Portugal é muito mais tributário da cultura francesa do que da castelhana e não creio que os portugueses nutram por Madrid mais afecto do que os catalães ou os bascos.
Sendo as coisas o que são, e os povos eles próprios e as suas circunstâncias, como diria Ortega Y Gasset, resta-nos a Europa cuja cidadania vem ao encontro de um país que viu na diáspora o seu destino e nunca temeu os grandes espaços, na certeza de que quanto mais europeus nos sentirmos menos espanhóis desejaremos ser.
Também por isto o meu europeísmo se aprofunda e me chama. É na Europa, herdeira do Renascimento, do Iluminismo, da Reforma e da Revolução Francesa que vejo o futuro de Portugal e dos portugueses, num projecto comum.
Na entrevista há ainda lugar para um olhar lúcido e magoado sobre medíocres censores como Santana Lopes e Sousa Lara, mais próximos dos Reis Católicos do que de Voltaire e Vítor Hugo.
Mas uma coisa é gostar de o ler e, outra, diferente, concordar. Discordo da profecia da integração de Portugal em Espanha, não por nacionalismo, pecado que não cometo, mas por pragmatismo e convicção.
A geografia agrega-nos mas a história separou-nos e, por isso, a integração económica aprofunda-se mas persistem as diferenças culturais. Portugal é muito mais tributário da cultura francesa do que da castelhana e não creio que os portugueses nutram por Madrid mais afecto do que os catalães ou os bascos.
Sendo as coisas o que são, e os povos eles próprios e as suas circunstâncias, como diria Ortega Y Gasset, resta-nos a Europa cuja cidadania vem ao encontro de um país que viu na diáspora o seu destino e nunca temeu os grandes espaços, na certeza de que quanto mais europeus nos sentirmos menos espanhóis desejaremos ser.
Também por isto o meu europeísmo se aprofunda e me chama. É na Europa, herdeira do Renascimento, do Iluminismo, da Reforma e da Revolução Francesa que vejo o futuro de Portugal e dos portugueses, num projecto comum.
Na entrevista há ainda lugar para um olhar lúcido e magoado sobre medíocres censores como Santana Lopes e Sousa Lara, mais próximos dos Reis Católicos do que de Voltaire e Vítor Hugo.
Comentários
Como estes socilaistas mudam conforme os ventos e as marés !!!
Está certo, o homem, Saramago, já está a ganhar...senilidade!
Estamos a ser engolidos, pela economia espanhola, depois da independência económica, vem o quê ? Naturalmente, a independência política.
Para começar, há que acabar com o feriado do 1º de Dezembro, já não faz sentido, a integração, está aí.
Se a invasão económica continuar neste ritmo, a coisa não vai levar muito tempo.E a culpa é só nossa, vaidosos pobres, sem iniciativa e sem coragem. Não temos empresários nem gestores capazes, temos novos-ricos que pedem apoios e abrem a empresa num dia para a fecharem depois de comprar o Ferrari e o palacete.
o resto virá por acrescimo..ou pela desilusão dos Portugueses para com os seus "Lideres".
Não estamos nos tempos de utopia ibérica de Teófilo Braga...
Uma sondagem divulgada pelo semanário "Sol" mostrou que cerca um terço dos portugueses são favoráveis à união política com Espanha.
A dimensão espanhola, melhor dizendo, o domínio castelhano, pode ser assustador. Mas, Saramago poderá estar a pensar o futuro da Peninsula como uma Confederação de Estados Ibéricos, sem que lhe caía a honra de ser português na lama.
Porque, a nossa História e a nossa identidade não pode ser anexada, nem diluída ou apagada.
Quando olhamos para Espanha não podemos ver unicamente Madrid. Há, também, Barcelona, S. Sebastião, Corunha, Valência, Las Palmas, etc.
O que me dói, como republicano que sou, é a eventualidade (não a obrigatoriedade) de vir a ser representado por um rei...
De igual forma, do meu ponto de vista, a esquerda espanhola é muito mais cumpridora da sua ideologia, o que é algo de bom, e ter um rei como chefe de Estado, apenas prestigia um país, a ver pelos exemplos europeus.
Diogo.