Quem nos vale?

Alguns juízes e magistrados portugueses estão entre os cerca de 200 nomes de integrantes de uma organização não governamental que foi investigada pela secreta militar italiana. O Conselho Superior italiano da Magistratura diz que esta investigação ocorreu entre 2001 e 2006.

Há quem tenha esquecido o bando sinistro que lançou a Europa no atoleiro iraquiano, quem não se dê conta da falta de carácter dos que, ao arrepio da verdade e do direito internacional, se precipitaram na ocupação de um país onde sepultaram a honra própria e os princípios democráticos e humanistas dos países que governavam.

A pouco e pouco foram sendo afastados ou fugiram dos lugares a que nunca deveriam ter ascendido mas ficou a memória da tragédia que semearam, da desonra que legaram, do sangue que diariamente continua a ser vertido.

E, se não bastasse, sabemos que a vileza não foi o fruto de um acto irreflectido, fez parte da idiossincrasia dos comparsas.

Berlusconi, exemplo de marginal italiano a quem a falta de escrúpulos guindou aos píncaros da política e do dinheiro é também responsável pela devassa feita pela polícia secreta a magistrados europeus entre os mais destacados no combate ao crime e na defesa do Estado de Direito.

Comentários

CA disse…
Andamos a olhar lá para fora quando cá dentro o Estado Novo volta de mansinho...
Anónimo disse…
E que fazem as Secretas Portuguesas?.
Se os Italianos sabem de alguma coisa, porque não falam?. Informação "muito classificada"?.
e-pá! disse…
Esta escabrosa situação protagonizada por Berlusconi vai de encontro às questões levantadas, em Portugal, sobre a concentração de poderes sobre as polícias nas mãos do 1º. ministro.
Porque, nestes Países Latinos, como a fiscalização é sempre tolerante ou permissiva, são os direitos fundamentais que ficam expostos.
Um outro aspecto que foi revelado à saciedade no caso do Iraque é a capacidade de manipulação de informações das "secretas" em apoio a opções políticas previamente delineadas. Enquanto estas estiverem "concentradas" no nucleo do poder político, maiores serão as possibilidades de manipulação, mais ameaçados estarão os direitos fundamentais.

De qualquer modo, este precalço democrático, este mau exemplo italiano deve alertar-nos para o que, nesta "velha" Europa das liberdades, pode suceder se não houver vigilância democrática das instituições e do exercício do poder.

Finalmente: quem nos vale?
- Nós próprios, reivindicando em todos os espaços e a cada momento os direitos de cidadania...como inalienáveis.
Sem contemplações, sem hesitações, sem aceitar restrições baseadas na eficácia governativa...

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