Momento de poesia

As musas

Armando Moradas Ferreira, foi um veterinário ilustre, que chegou ao cume da carreira. Mas isso pouco importa. Foi sobretudo um homem bom, um conservador afável, uma referência afectiva que ajudou a cimentar uma tertúlia que no fim da década de sessenta e no início da de setenta, do século que foi, teve lugar no Café Nova York, em Lisboa.

Na sua casa, ao Lumiar, por entre capitosos néctares e abundantes vitualhas, dizia-se poesia e sonhava-se a liberdade, rodeado de uma magnífica colecção de pratos da fábrica do Rato e de outras peças valiosas.

Moradas Ferreira dizia poesia com amor. E fazia-a. Avesso a vê-la publicada conseguiram os amigos, com a ajuda da mulher, que autorizasse a Marktest a publicar-lhe em livro alguns dos seus poemas.

É desse registo feliz que o Ponte Europa passará a publicar às quartas-feiras os poemas do amigo há muito falecido, do poeta que nunca quis que o descobrissem, do homem que soube granjear a amizade dos mais novos e merecer a saudade de todos os que tiveram o privilégio do seu convívio.

Por hoje, fica apenas a Nota que exorna o único livro que deixou que lhe publicassem.


Nota de autor

Acabei, pois, por “permitir” a divulgação de alguns versos meus que dormiam o sono dos justos no fundo de uma gaveta desarrumada, em promiscuidade com outros papéis esquecidos.

É a única forma de mostrar a minha inevitável gratidão pelos “ Amigos da Guarda” que me acolheram tão generosamente na sua tertúlia do Café de Entrecampos.

O António Queiroz e o irmão Luís, são os principais responsáveis por esta fantasia saudosista e por isso sofrem o castigo de ver aqui os seus nomes destacados.

Quanto aos outros amigos que inadvertidamente venham a ler algum verso, só espero que me perdoem. Mas, mesmo assim, reincido com esta quadra solta:

Errando de terra em terra
Na Guarda me vim guardar
Tanta vez um homem erra
Que acaba por acertar.

Armando Moradas Ferreira

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