Depois de ver e ouvir Paulo Rangel, em Madrid, no comício do PP da campanha para as últimas eleições legislativas, julguei que nenhum outro português descesse ali tão baixo nos ataques ao primeiro-ministro de Espanha. Mas faltava ver André Ventura num comício do VOX onde Charlie Kirk, célebre ativista da extrema-direita recentemente assassinado nos EUA, foi considerado o exemplo para a direita extremista que o VOX e o Chega representam. André Ventura, o pequeno führer lusitano procura ser um avatar do Adolfo Hitler e tem nos gestos e nas palavras o mesmo ódio, desejo de vingança e desvario a que só a falta de um poderoso exército atenua o perigo. Elogiou a “caçada a imigrantes”, em Espanha, com o mesmo entusiasmo com que Hitler promoveu a caçada a judeus, na Alemanha. Congratulou-se com a perseguição violenta aos imigrantes e não hesitou em agradecer essa violência, neste verão, em Múrcia. Indiferente ao crime de ódio, gritou: “Por isso quero dizer-vos, aqui em Espanha, sabendo q...
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Há alguns meses chamou o seu núncio apostólico (embaixador) na Irlanda como inusitada reacção às fundadas e justas críticas que o Governo irlandês – responsável pela administração da Justiça - teceu sobre o comportamento obstrutivo da ICAR relativo às investigações sobre abusos sexuais envolvendo clérigos católicos. Certamente que não esperava que essa afronta diplomática fosse inconsequente.
O Vaticano não consegue separar as relações entre Estados, regidas por convénios internacionais e códigos de reciprocidade, e o desejo de pretensos tratamentos de favor ou de excepção concebidos à sombra de arcaicos conceitos "nações tradicionalmente católicas". Logo, no seu julgamento de Estado teocrático, submissas. Todavia, este novo ciclo de tensões entre a Igreja e os Estados parece, sob o papado de Bento XVI, regressar ao espírito “ultramontano” que vigorou nos séc. XVII e XVIII e foi irremediavelmente apeado pela Revolução Francesa.
Mas a decisão irlandesa de fechar a sua embaixada no Vaticano não causaria tanta mossa se não existisse o receio de despoletar “contágios”. E aí (na possibilidade de contágio) é que existe uma relação entre a extinta jurisdição universal e os Estados modernos, democráticos e laicos.
O espúrio renascimento de um “entendimento exaltado” à volta de uma "autoridade papal" no terreno secular (que deverá ensombrar o pensamento de Ratzinger) não só é uma aberração histórica e política como um incontornável estorvo às (boas) relações entre o Vaticano e os Estados.
E haverá uns talibãs que vão mandar as nossas garotas para a praia vestidas de burka.
Com fé ou sem fé, vamos ter criar "cruzadas" para uma baita de uma luta que não se sabe como vai ser o fim.