A Europa e o futuro ameaçado
A Europa tem sido um oásis de paz, segurança e prosperidade. Desde a Segunda Grande Guerra (1939/45) fortaleceu os laços entre os diversos países, venceu as rivalidades que a dilaceraram e conseguiu esquecer o sangue derramado na mais mortífera das guerras.
Tudo parecia encaminhar-se para uma confederação que tornasse a União Europeia uma potência económica e política com níveis insuperáveis de bem-estar. O guarda-chuva militar americano permitiu ao velho continente, perdendo alguma da sua independência, reabilitar os países que a guerra destruiu e prosperar com economias armamentistas.
A Alemanha recebeu da Europa e dos EUA a ajuda para a sua reabilitação e, mais tarde, para a reunificação. Helmut Kohl – último grande estadista alemão europeísta – não se esqueceu dos demónios que ainda habitam a alma bávara e prussiana que paira algures no interior do seu país.
Agora, quando a primeira crise séria ameaça a moeda, a unidade europeia e o futuro dos seus cidadãos, regressam os nacionalismos estreitos e os antagonismo ancestrais perante a pequenez dos seus dirigentes.
Recordo com emoção a caminhada que culminou no Tratado de Maastricht, na criação do euro e do espaço Schengan para ver agora, preocupado, a fuga de capitais dos países mais débeis e a arrogância dos ultraliberais que tiram partido da crise que eles próprios desencadearam.
Homens como Jean Monnet, Maurice Schumann, Giscard d'Estaing, Altiero Spinelli, Paul-Henri Spaak, Helmut Schmidt, Helmut Kohl, Jacques Delors, Miterrand, Felipe Gonzalez e Mário Soares, entre outros, fazem-nos ter vergonha dos responsáveis actuais como Nicolas Sarkozy, Angela Merkel, Durão Barroso, Cameron ou Sílvio Berlusconi, este, finalmente, em vias de remoção.
Os coveiros da Europa não ultrapassam o nível de Cavaco e de Passos Coelho e a guerra não é inevitável. A Europa corre o risco de se transformar no Chile do Planeta.
Ponte Europa / Sorumbático
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