Custe o que custar, sim, a qualquer custo
A única certeza da Europa, para além do frio gélido que a percorre, é a incerteza do seu projeto político, económico e social.
Enviesado, à sorrelfa, o Tratado de Lisboa pelo Tratado Orçamental, entrou-se na deriva financeira que asfixiou a solidariedade, deprimiu a economia e minou o projeto político comum europeu. Não sei se a crise das dívidas soberanas trazida pela falência do banco Lehman Brothers podia ter sido evitada, mas o julgamento, feito à posteriori, não deixa dúvidas sobre o falhanço das políticas seguidas.
Independentemente da proximidade ou distância política, em relação ao Syriza, somos forçados a reconhecer que Tsipras e Varoufakis, PM e ministro das Finanças da Grécia, provaram em poucos dias que o caminho seguido tinha conduzido ao abismo.
Têm contra eles quem menos se esperava, iletrados com alma de escravos, oportunistas à espera de migalhas, aves de rapina à espera de um cadáver. Nos PIGS, a seguir ao ‘G’ segue-se o ‘P’, e, por maior que seja a subserviência e a falta de solidariedade, podia, pelo menos, pensar-se aí na aritmética que, perante a tragédia grega, condena Portugal a ser o próximo país a passar da desgraça à catástrofe.
Tsipras interpreta o sentir de milhões de homens e mulheres desempregados, de crianças que morrem sem cuidados médicos, sem comida e sem medicamentos, esmagados pela dívida que sabe impagável na atual conjuntura, e entre o “aguentam, aguentam…, ‘custe o que custar’” e o ver morrer o seu povo que pretende salvar ‘a qualquer custo’, escolhe a espada em vez da parede a que viu o seu povo encostado.
Não se sabe o conclusão dos esforços obstinados de Tsipras e Varoufakis mas ninguém duvida que, não tendo eles a solução, apenas enjeitaram uma situação insustentável. Já ninguém lhes tira a aura de heróis de um povo que se levantou e que prefere suicidar-se a morrer de vergonha, enquanto os abutres locais transferem capitais para o estrangeiro, como se o sangue sugado ao povo lhes pertencesse, como se a tragédia de todos não fosse agravada por eles.
As palavras de Yanis Varoufakis para os decisores da Alemanha e do BCE podem ter batido num muro de betão armado, mas provocaram um sobressalto cívico e calaram fundo no coração dos europeus que assumem a herança do Iluminismo e da Revolução Francesa:
“Eu esta noite vou voltar a um país em que a terceira força politica é um partido Nazi. Vocês têm de decidir quem querem ajudar”
Para já, a Grécia impedirá o acordo de comércio e investimento entre a UE e os Estados Unidos (TTIP) quando este tiver de passar pelo processo de ratificação nacional. É uma arma que está nas mãos dos gregos e que podem exportar para os PIGS que rapidamente procederão à higienização governamental que espera pelo próximo ato eleitoral.
Enviesado, à sorrelfa, o Tratado de Lisboa pelo Tratado Orçamental, entrou-se na deriva financeira que asfixiou a solidariedade, deprimiu a economia e minou o projeto político comum europeu. Não sei se a crise das dívidas soberanas trazida pela falência do banco Lehman Brothers podia ter sido evitada, mas o julgamento, feito à posteriori, não deixa dúvidas sobre o falhanço das políticas seguidas.
Independentemente da proximidade ou distância política, em relação ao Syriza, somos forçados a reconhecer que Tsipras e Varoufakis, PM e ministro das Finanças da Grécia, provaram em poucos dias que o caminho seguido tinha conduzido ao abismo.
Têm contra eles quem menos se esperava, iletrados com alma de escravos, oportunistas à espera de migalhas, aves de rapina à espera de um cadáver. Nos PIGS, a seguir ao ‘G’ segue-se o ‘P’, e, por maior que seja a subserviência e a falta de solidariedade, podia, pelo menos, pensar-se aí na aritmética que, perante a tragédia grega, condena Portugal a ser o próximo país a passar da desgraça à catástrofe.
Tsipras interpreta o sentir de milhões de homens e mulheres desempregados, de crianças que morrem sem cuidados médicos, sem comida e sem medicamentos, esmagados pela dívida que sabe impagável na atual conjuntura, e entre o “aguentam, aguentam…, ‘custe o que custar’” e o ver morrer o seu povo que pretende salvar ‘a qualquer custo’, escolhe a espada em vez da parede a que viu o seu povo encostado.
Não se sabe o conclusão dos esforços obstinados de Tsipras e Varoufakis mas ninguém duvida que, não tendo eles a solução, apenas enjeitaram uma situação insustentável. Já ninguém lhes tira a aura de heróis de um povo que se levantou e que prefere suicidar-se a morrer de vergonha, enquanto os abutres locais transferem capitais para o estrangeiro, como se o sangue sugado ao povo lhes pertencesse, como se a tragédia de todos não fosse agravada por eles.
As palavras de Yanis Varoufakis para os decisores da Alemanha e do BCE podem ter batido num muro de betão armado, mas provocaram um sobressalto cívico e calaram fundo no coração dos europeus que assumem a herança do Iluminismo e da Revolução Francesa:
“Eu esta noite vou voltar a um país em que a terceira força politica é um partido Nazi. Vocês têm de decidir quem querem ajudar”
Para já, a Grécia impedirá o acordo de comércio e investimento entre a UE e os Estados Unidos (TTIP) quando este tiver de passar pelo processo de ratificação nacional. É uma arma que está nas mãos dos gregos e que podem exportar para os PIGS que rapidamente procederão à higienização governamental que espera pelo próximo ato eleitoral.
Comentários
A crise das dívidas soberanas enxerta-se nessa bolha para atacar os países com menor capacidade de crescimento económico que tinham arriscado desenvolver processos keynesianos de investimento. A finalidade dessa crise foi introduzir alterações políticas, económicas e sociais neoliberais de acordo com a cartilha da 'Escola de Chicago'.
E a prova destes 'malabarismos' é o comportamento dos mercados, cada vez mais um instrumento do poder financeiro fora de qualquer regulação.
Em 2010, com uma dívida soberana à volta dos 97%, os mercados 'decidiram' fechar a torneira a Portugal empolando os custos dos financiamentos públicos.
Em 2015, com a dívida a rondar os 130%, os mercados mostram-se (para já) sossegados e emprestam dinheiro ao mesmo País a taxas de juro sobreponíveis às do final do século passado.
Esta 'intromissão' nos Países de economias mais débeis tem - para toda esta clique neoliberal - um estranho nome : 'reformas estruturais'!...
Quem rejeitar este menu passa - desde as eleições gregas - a ser metido no saco dos 'radicais'.
Esta a história de embalar que a Direita portuguesa está a congeminar.
E esta será, isso sim, uma espantosa 'história para crianças'...
Obrigado.
O esquema dos fundos estruturais, aplicado a qualquer democracia amarra a decisão dos políticos ao investimento público e ao endividamento. Foi um esquema montado que subsidia a industria dos países do Norte e que dá oportunidade aos países do sul de se modernizarem, endividando-se.
Algum programa eleitoral que fosse contra a construção de uma piscina municipal conseguia competir com outro que prometesse construi-la "aproveitando os fundos perdidos da CEE"? Mesmo que o primeiro explicasse que não construiria a piscina para não aumentar o endividamento?
Mesmo numa autarquia alentejana ganhava o CDS se fosse ele quem fazia esta promessa...
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