CGD: os pontos nos iis…
A hipocrisia de Passos Coelho continua a revelar-se no problema da Caixa Geral de Depósitos (CGD).
Quem vivesse noutro planeta e estivesse completamente divorciado do contexto nacional poderia ser induzido a julgar que esta instituição bancária teria sido criada pela denominada ‘geringonça’.
Quando pede explicações sobre os ‘custos da recapitalização’ e adianta a mórbida curiosidade em conhecer "quantos trabalhadores serão despedidos" e "quantos balcões encerrados"[ link ] está pura e simplesmente a revelar como seria ‘sua recapitalização’.
A verdade é que os problemas da CGD foram-se acumulando nos últimos 4 anos e sistematicamente ocultados pelo governo Passos Coelho/Paulo Portas/Maria Luís Albuquerque. Todos sabemos que a situação da CGD não nasceu ontem.
As rábulas à volta desta recapitalização, encenadas pelo PSD e CDS, mais não têm feito do que prejudicar o sistema financeiro nacional.
Os custos desta inadiável recapitalização terão directa ou indirectamente um rebate orçamental. Mas não é isso que preocupa Passos Coelho.
O que verdadeiramente incomoda o ex-governante é que uma recapitalização bem-sucedida tem como consequência gorar os seus secretos desejos (e projectos) de privatização deste banco público. E esta situação não é de somenos importância. A CGD é um dos poucos sobreviventes da ‘saga privatizadora’ do Governo PSD/CDS que, ao longo de 4 anos e meio, alienou tudo o que fosse - ou ‘cheirasse’ a - público.
O processo de recapitalização da CGD não está isento de incidentes como tem sido referidos na imprensa que passam pela atitude ‘paternalista’ do Banco Central Europeu e com as atribulações do processo de nomeação da nova administração .
Mas para além dos tropeções circunstanciais o substancial é o Estado continuar a manter na esfera pública o maior banco português e dar-lhe a pujança necessária para poder cumprir um novo papel no desenvolvimento económico.
Os contribuintes portugueses que tanto dinheiro tem despejado na banca privada saberão distinguir o que é um financiamento público de um banco público das nacionalizações e ‘resoluções’ públicas de bancos privados para o enriquecimento de alguns. Passos Coelho espera que os portugueses não tenham esse discernimento.
Todavia, 4 anos e meio de várias extorsões foram abrindo os olhos aos cidadãos.
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