Durão Barroso e as injustiças de que é alvo

Durão Barroso sempre foi videirinho, desde a viagem familiar ao Brasil, em jato privado, para uma estadia numa ilha paradisíaca, quando PM, até às férias no iate de um magnata, quando já estava indigitado para presidente da Comissão Europeia, para finalmente acabar, depois de suspeitas e furtivas reuniões, como CEO de Goldman Sachs, em Londres.

Injusta é a perseguição aos direitos adquiridos, seja a reforma de presidente da CE, a que tem direito, ou a portuguesa que os anos de serviço e funções exercidas lhe conferem. Os direitos adquiridos e a igualdade perante os antecessores não dependem da ética pessoal, derivam da legislação em vigor. Tentar discriminá-lo não é justiça, é inveja, vingança ou ambas.

Aliás, Barroso não foi mais crapuloso do que Tony Blair, Gerhard Schröder ou José Maria Aznar, o último sob suspeita acrescida de receber uma mensalidade dos subornos do caso Gurtel, que também tiveram cargos dourados na sequência das funções políticas que desempenharam.

Barroso talvez seja vítima do seu pioneirismo. Ainda na Universidade, quiçá ao serviço da CIA, foi marxista-leninista-estalinista-maoista para combater os marxistas-leninistas-estalinistas. Como PM, garantiu ao País que ia aos Açores para procurar uma oportunidade para a paz, e foi anfitrião da cimeira da guerra do Iraque, cúmplice e beneficiário.

Mais tarde anunciou que o candidato de Portugal à presidência da Comissão Europeia era o prestigiado ex-Comissário Europeu, António Vitorino, quando o embaixador Martins da Cruz, seu compadre, e o maquiavélico Mário David promoviam a sua própria candidatura. E venceu.

Por fim, fracassou na sua candidatura a PR, na promoção da candidata Kristalina Georgieva, a secretária-geral da ONU, feita na última reunião do Clube de Bilderberg, a desejada pelo PPE e promovida por Mário David, contra Guterres. E perdeu.

Limitou-se a ocupar o lugar que o Goldman Sachs lhe reservara.

Não cometeu nenhum crime, mas também não foi uma bonita ação. Fiel à natureza, vendeu a sua agenda de contactos e desonrou-se, mas a sanha de que é vítima agravou-se com a leveza ética, vítima da sua precocidade na arte da dissimulação e reincidência na falta de escrúpulos.

Não foi, como ele disse, para um cartel da droga. Não o aceitaria antes de ser legalizado.

Ponte Europa / Sorumbático

Comentários

e-pá! disse…
Penso que as 'injustas' medidas sancionatórias tentadas pelos burocratas de Bruxelas contra Barroso baseiam-se num facto transcendente. De facto, entroncam-se em 'questões de fé' e entram no domínio sobrenatural.

Assim: Barroso, o venal ex-presidente da UE, morreu. Durão, o actual lobista (segundo a interpretação de Bruxelas) é uma reincarnação recente (entre as muitas que protagonizou 'em vida'). E nessa nova condição não tem currículo suficiente e/ou 'direitos adquiridos' bastantes para reivindicar mordomias.
Quando muito poderia aspirar a uma 'pensão de sobrevivência'. É, de facto, nestas águas turvas da sobrevivência onde teimosamente - e à margem de pruridos éticos - que tenta manter-se à tona.
Resta ter em consideração que, tendo em conta as características biológicas naturais, o goraz - em princípio - sabe nadar...
Deste modo, a 'atitude de Bruxelas' não passa de um banal exercício de 'caça submarina'.

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