Os 'independentes’ e as eleições autárquicas

Enquanto não perceber, eu próprio, o que é um independente, discordarei de alterações à legislação que regula as eleições autárquicas.

A um independente apoiado por um partido ou coligação, ainda sei em que área política o colocar, e que partido(s) responsabilizar pela gestão. O autarca do Porto, independente quimicamente puro, é um cidadão da área do PSD, por cujo partido queria ser escolhido em 2013, e que em 2017 vai infligir-lhe a mais amarga derrota, apoiado pela fraqueza e interesses convergentes do PS e CDS no eleitorado portuense.

Acompanho o PSD nas críticas que fez às alterações propostas pelo PS, BE e CDS, à lei eleitoral autárquica, para que as candidaturas lideradas por cidadãos ditos independentes deixem de ser discriminadas face às candidaturas partidárias.

Há no PS e CDS um franco oportunismo a servirem-se de um conservador preterido por Luís Filipe Meneses, que se dispunha a endividar a Câmara do Porto, como tinha feito à de Gaia, nas últimas eleições autárquicas. No caso do BE, é a forma de eventualmente conseguir alguma presidência municipal à boleia de um ‘independente’, de preferência com algum dissidente do PCP.

O PSD, que atingiu o apogeu do poder e da degradação, com Cavaco Silva e Passos Coelho, corre o risco de ver a D. Cristas a cacarejar no Porto e a cantar de galo em Lisboa, com a rendição do PSD na capital do País, quaisquer que sejam os resultados.

Contrariamente à maioria dos meus concidadãos, prefiro um ‘independente’ hipotecado a um partido, a um partido hipotecado a um independente.

Comentários

e-pá! disse…
De facto, o estatuto de independente está longe de estar clarificado.
Foi (apareceu como) uma alternativa à desmobilização partidária e ao afastamento dos candidatos oficiais dos eleitores. Foram-lhe atribuídas virtudes como, por exemplo, serem capazes de estumular um aprofundamento da democracia. Virtudes que estão longe de estarem confirmadas.

O exemplo de 'independentes' no poder autárquico não se resume ao caso do Porto. Existem outras 'independentices' como Isaltino Morais que causam mais perplexidades do que a exibição de virtualidades democráticas.

Um grave problema do poder autárquico é a acomodação ao cargo e à função e passa pela facilidade em criar 'dinossauros' mas também pela chaga do 'caciquismo'.
Falta demonstrar que os independentes são a solução cabal para males muito antigos do nosso municipalismo.

Estou em crer que os independentes integraram muito rapidamente os vícios das candidaturas partidárias e que não há nada de novo na frente ocidental.

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