Banco Goldman Sachs – a ética e os negócios

O banco Goldman Sachs, independentemente de ter estado ou não na origem da falência do seu concorrente Lehman Brothers, não usava certamente métodos diferentes. Talvez tivesse apenas mais apoio político ou melhores informações.

A crise financeira mundial e a consequente crise das dívidas soberanas de numerosos países teriam de acontecer, tal como as próximas, até à última, como vaticinou o grande teórico da economia cujo nome o capitalismo diabolizou, sem evitar as suas previsões.

Pasmo com o ar sério dos economistas encartados, que fingem acreditar no crescimento contínuo da economia e a prescrevem como remédio para todos os males, como se fosse possível crescer sempre. E aludem ao crescimento sustentado sem se rirem.

«As árvores não crescem até ao céu», nem a economia.

Sabe-se que o Goldman Sachs foi o único dos grandes bancos de investimento dos EUA que resistiu à crise de 2008. Está agora mergulhado num enorme escândalo financeiro de desvio fraudulento de fundos e corrupção política no sudoeste asiático.

É surpreendente que o banco que contratou José Manuel Durão Barroso para presidente do Goldman Sachs International, ainda durante a sua presidência da Comissão Europeia, não pela experiência na banca, mas pela mais valia ética que representava, possa agora ter caído em desvarios que lhe comprometem a honorabilidade e, onde mais lhe dói, os lucros.

Certamente que o antigo PM português não deixaria de alertar a Administração para os efeitos demolidores da conduta equivalente à do BPN, BPP, BES, Banif, Finibanco e outras empresas onde as mais brilhantes estrelas do firmamento cavaquista perderam a honra e o brilho.

Só não perderam os haveres porque, sendo desonestos, não são parvos, e a liberdade porque têm meios de fortuna para prorrogar os prazos até que os processos, após o ciclo biológico, subam ao Tribunal Divino cuja jurisprudência é desconhecida e irrelevante.

«Desvio fraudulento de fundos e corrupção política»! Onde é que nós, portugueses, já ouvimos falar disso!?

Comentários

e-pá! disse…
O sistema bancário - a nível mundial - ainda não recuperou da mais recente crise que esteve envolvido, terá sido um dos (importantes) motores e lhe trouxe um enorme descrédito em termos de confiança.
Para além do Goldman Sachs (a que o post se refere), existem por exemplo pela UE situações similares que deveriam originar (outras/novas) medidas políticas.
O caso do Danske Bank (dinamarquês) já acusado pelo MP e o mais recente relativo ao Deustche Bank (alemão), em investigação, deveriam fazer soar campainhas de alarme.
Na verdade poderá a estar em germinação uma nova crise financeira desta vez à volta da lavagem de dinheiro e de mecanismos de fraude fiscal, através dos paraísos fiscais ('vacas sagradas' financeiras).
O 'liberalismo financeiro' está a fazer o seu caminho... e não tarda alguém (os do costume) estará a pagar pelos desmandos. Ou Estado vai continuar a fechar o olhos à regulação e à supervisão do sector financeiro, na boa tradição liberalizante.

Alguém conhece, por exemplo, consequências em Portugal decorrentes dos dados foram divulgados pelos 'Panama Papers'?
Ou vamos continuar confinados a uma marginal discussão de medidas fiscais centradas nas touradas?

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