As professoras do ensino primário e o matrimónio

Quem não leu os santos Doutores da Igreja, nomeadamente Santo Agostinho, ignora os apetites femininos que subvertem a moral e os bons costumes. O Antigo Testamento dá sábios conselhos para que o homem perceba o atrevimento da mulher.

O Estado Novo poupou-nos, das cidades às humildes aldeias, aos excessos de que eram capazes as professoras, impelidas por vaidade e pelas hormonas. Acabariam a vestir-se com afoiteza e luxúria, sem a modéstia e discrição que deviam, tentadas a usar calças, como homens, ignorando que cada sexo tem vestuário próprio, exceto o clero, que pode, e deve vestir-se com trajes femininos, com as bonitas rendas e sedas que lhe destacam a dignidade do múnus ao serviço do Divino.

Salazar impediu-as do aderirem à moda diabólica da minissaia com que as mais ousadas teriam perdido a alma e ofendido os bons costumes. Nesse tempo havia respeito e a lei zelava para que quem tinha o dever de educar não cedesse às tentações mundanas e fosse objeto de escândalo.

Quantas jovens professoras se teriam perdido em casamentos por amor sem cuidarem da situação material, casando por amor, sem assegurarem os bens materiais e morais com que criariam os filhos que Deus lhes mandasse e os maridos quisessem!

Paulo de Tarso tinha razão em considerar obscenos o cabelo e a voz das mulheres. Era mais sensato rezarem, esquecendo as tentações da carne, enquanto esperavam a decisão ministerial para casar canonicamente do que amarem quem não provasse ter idoneidade moral e rendimentos para as desposar.

Valia a ordem e o respeitinho para não terem a veleidade de deslocar-se a Badajoz para comprar caramelos sem autorização ministerial e do marido. Algumas haviam de querer ser juízas, diplomatas, militares ou polícias, como se a natureza as dotasse de qualidades para tais misteres, mas era bonito ser professora do ensino primário, com marido rico e temente a Deus.

Com autorização de Sua Excelência o Sr. Ministro da Educação Nacional e a bênção eclesiástica.

A Bem da Nação.

Comentários

e-pá! disse…
CE:

Um post muito oportuno.

Na passada 3º. feira (11.06.2019) faleceu na Parede (Lisboa) uma mulher que lutou contra este tipo de intolerâncias moralistas, hipócritas, repressivas e violadoras das liberdades individuais, promovidas pelas piedosas beatices (e sacanices) decretadas pelo Estado Novo em relação uma outra profissão - enfermagem (cujas restrições emparelhavam com as das professoras do ensino primário).

Trata-se de ISAURA BORGES COELHO cuja vida de luta pela Liberdade e de resistência ao fascismo é um exemplo de verticalidade, de militância e de cidadania link.
Curvo-me respeitosamente perante a sua memória.
e-pá! disse…
Adenda:

A 'proibição matrimonial seletiva' (mais 'sexista' do que seletiva) estendia-se para além das professoras primárias e das enfermeiras e atingia também às telefonistas da Anglo-Portuguese Telephone Company, às funcionárias do Ministério dos Negócios Estrangeiros, às hospedeiras de ar da TAP, etc.
A 'obrigação' das mulheres ficarem em casa a tomar conta do lar e a criar os filhos, segundo a conceção fascista do Estado Novo, é um exemplo definidor das imposições legislativas (do tipo tridentino) impostas por um concupiscente e seráfico chefe que, a mesquinhez e uma pretensa 'devoção', transformou num inveterado celibatário (que a vida através de múltiplos 'casos' demonstrou ser mais uma das hipocrisias que rechearam a sua vida).

Finalmente, e regressando novamente à enfermeira Isaura Borges Coelho, a minha dúvida é se a 'combativa' e 'pertinaz' bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, esteve presente, ou se fez representar, no funeral desta mulher a quem os portugueses e as portuguesas na generalidade e a enfermagem em particular, tanto ficam a dever.
e,pá:

Obrigado pelos comentários que deviam estar num post.

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