Boris Johnson – O Trump britânico

Quando o nacionalismo se instala, abre a porta ao populismo, e o fascismo, seja qual for o disfarce, acabará por chegar. A dificuldade de as pessoas se sentirem cidadãos do Mundo e a facilidade de se identificarem com a sua tribo debilitam o combate pela paz e justiça social, que deviam ser desígnios universais, para se tornar a luta de filantropos e utopistas.

Apanhe-se um indivíduo sem escrúpulos, mentiroso e narcisista, e goste-se dele porque hilaria; dê-se-lhe atenção, por hábito; abandone-se o sentido crítico, por preguiça; e acabará a ter o voto de quem se há de arrepender.

Boris Jonhson é o mais perfeito clone de Donald Trump, física e intelectualmente, com os mesmos tiques histriónico e falta de ética. Foi um dos mais entusiastas partidários do Brexit, onde repetiu à exaustão que o RU pagava 400 milhões de euros semanais para ser membro da UE, sem referir as vantagens, quando o cheque era inferior a um terço, e repetia o que podia ser feito com o dinheiro que dizia e não com o que era pago.
 
Em 2005, venceu as eleições no seu círculo eleitoral, com esta afirmação boçal: «Votem no Partido Conservador porque isso fará com que as vossas mulheres fiquem com as mamas maiores e aumentem as vossas possibilidades de possuírem um BMW M3.»

Boris foi sempre o mais forte candidato a sobreviver ao exótico jogo do “roda-bota-fora”, para suceder a Teresa May, sem novas eleições, onde o Partido Conservador seria certamente derrotado. Finalmente, restam os dois últimos resistentes, ele e Boris Jonhson.

Entre o ministro dos Negócios Estrangeiros, Jeremy Hunt, e Boris Jonhson, os dois que disputam a sucessão da Sr.ª May, o Trump insular leva vantagem, e a única votação que vai ignorar é a que coloca a saída do RU refém do acordo com a UE.

A escolha recai agora nos 160 mil militantes do Partido Conservador, menos de 0,3% do eleitorado britânico, e o futuro do Reino cada vez mais (des)Unido é uma desgraça para os dois lados do Canal da Mancha.

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