Notas Soltas – junho/2019
Reino Unido – A errática política externa de Trump, chantagista
e ameaçadora, é um perigo global. Os insultos a Sadiq Kahn, mayor de Londres,
foram tão graves como os elogios a Nigel Farage e Boris Johson, pela ingerência
na política interna britânica.
Marques Mendes – O Conselheiro de Estado designado pelo PR é
decerto intriguista por conta própria, mas a reiterada ingerência na vida
partidária deixa a suspeita de que possa ser o eco de Belém, pouco saudável para
a democracia.
PR – Entre a visão messiânica de si próprio e o
devaneio peronista, o prognóstico que o inveterado comentador político fez
sobre a Direita portuguesa e a eventual crise interna foi infeliz. Procedeu
neste caso, como em outros, com manifesta leviandade.
Agustina Bessa-Luís – A grande escritora regionalista,
conservadora e irreverente, era uma referência nacional, mas, na morte, a
pungência das declarações foi um exagero de quem não teve coragem de lhe propor,
sequer, o nome para a nova ponte sobre o Douro.
Espanha – O
Supremo Tribunal de Espanha reconheceu Franco como chefe de Estado desde 1 de
outubro de 1936, em plena Guerra Civil, e suspendeu a exumação. Com essa jurisprudência,
falseou a História e insultou a democracia.
Itália – Matteo Salvini, vice-primeiro-ministro, católico
de extrema-direita, ataca a UE, o Papa Francisco e os imigrantes; divide a
Igreja, o próprio episcopado e o País; e o seu partido, a Liga, já é o
preferido dos católicos praticantes, em Itália.
10 de junho – A celebração da data mantém o figurino redutor.
Na ditadura serviu para exaltar a guerra colonial e em 2019, para um jornalista
atacar os políticos, apesar do convite lhe ter sido feito por um político com
meio século de legítima militância, o PR.
Brasil – O ministro da Justiça não era o juiz do
combate à corrupção, era o cúmplice de Bolsonaro conluiado com o ministério
público para destruir Lula e o PT. Já são públicos os emails que o revelam, enquanto
espera a indigitação acordada para o Supremo.
Lula da Silva – Os emails de Sérgio Moro mostram que
a acusação ao antigo PR foi o pretexto para impedir a sua candidatura, e a
prisão o ato que facilitou o golpe de Estado com a conivência judicial. A
libertação de Lula e a investigação a Moro são urgentes.
Ruben de Carvalho – O grande jornalista, culto e
melómano, tolerante e afável, foi um denodado resistente antifascista que
conheceu a prisão e a violência da ditadura. Faleceu aos 74 anos o respeitado
dirigente do PCP, historiador e excelente programador cultural.
Brexit – “Tudo o que podia correr mal, correu
efetivamente mal e da pior maneira” (Lei de Murphy) e, para agravar os
problemas britânicos e da UE, num imparável haraquíri, o Sr. Boris Johnson,
preferido de Trump, é o provável sucessor da Sr.ª May.
ONU – Das tragédias que ocorrem diariamente pelo
mundo até ao ataque a petroleiros, no Golfo de Omã, passando pelo mais
dramático, silencioso e imprevisível ocaso do Planeta, Guterres procura, em
desespero, limitar os riscos e tentar reverter as desgraças.
Aquecimento global – Enquanto Trump reúne uma equipe
negacionista das alterações climáticas, sobem as águas do mar que ameaçam
engolir países, estão em risco milhões de pessoas e o mundo permanece surdo aos
apelos lancinantes do s-g da ONU.
Refugiados – Um jovem português, Miguel Duarte, há
quatro anos a ajudar a recolher náufragos, a bordo do navio Iuventa, comandado
por uma ONG, pode ser condenado a larga pena de prisão, em Itália, por “ajudar
a imigração ilegal”. Que país! E que mundo!
Irão – A suspensão unilateral dos EUA dos acordos
nucleares ampliou a tensão naquela região do globo. O ataque a dois
petroleiros, logo atribuído ao Irão, o País que tem mais a perder, parece o
pretexto para uma invasão que interessa à Arábia Saudita e a Israel.
Arábia Saudita – O reino onde se pratica a sharia
e o príncipe-herdeiro manda cortar às rodelas um jornalista no consolado turco,
continua a ter a preferência de Trump. O dinheiro do petróleo e a ausência de
escrúpulos irmanam os dois governantes.
Boris Johnson – Na mais velha e estável democracia europeia,
hoje à beira do abismo e de futuro incerto, era difícil encontrar alguém mais
parecido com Trump para dirigir os destinos do Reino cada vez menos Unido.
Istambul – A vitória de Ekrem Imamoglu, por apenas 13
mil votos, foi impugnada pelo partido de Erdogan, que impôs novas eleições. A
repetição, com a vantagem de 800 mil votos na maior autarquia turca, 16 milhões
de habitantes, foi a derrota pessoal e política do PR.
Boris Johnson_2 – Se Boris Johnson chegar à liderança
do Partido Conservador tem a possibilidade suspender a Câmara dos Comuns para
concretizar a saída do Reino Unido da UE até ao 'deadline' de 31 de outubro. É
uma espécie de Estado de Sítio parlamentar.
Tráfico de droga – Foi preso um sargento da comitiva
de Jair Bolsonaro, por levar 39 quilos de cocaína a bordo de um avião militar,
em Sevilha. Nenhum PR está livre de um colaborador corrupto, mas, com Bolsonaro,
parece redundância.
Opus Dei – Numerosos quadros da extrema-direita (ver listas
do VOX) são oriundos de colégios seus e da Universidade de Navarra. Um
professor fotografou os alunos de um colégio a fazerem a saudação nazi. Não foi
demitido o diretor, foi suspenso o professor.
Testemunhas de Jeová – O mês terminou com uma reunião
mundial em Portugal. Não se nega acolhimento num país que respeita a liberdade
religiosa, mas os preconceitos, as nebulosas atividades e os riscos da seita, para
a saúde dos crentes, deviam ser referidos.
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