Assim vai o meu país … (Ao correr das teclas) – 02/09/2024
Marcelo e Montenegro, o Sr. Feliz e o Sr. Contente, acompanhados do outro que o golpe urdido no Palácio de Belém com a PGR levou à presidência da AR, foram ontem prestar justas homenagens às vítimas do trágico acidente de helicóptero no rio Douro.
Podiam ter evitado atrasar a missa para exibirem na igreja a
compunção aos familiares e ao País, mas a laicidade é a vítima dos tartufos de
uma República laica. Eles são assim!
Ontem, só às 23 horas pude ver os programas que desejava,
agora que aprendi a fazê-lo.
Vi o bruxo de Fafe, alter ego do PR e possível sucessor na
homilia semanal do costume. Falou de forma ligeira da gravidade do roubo dos
computadores no próprio Ministério da Administração Interna porque ficava para o
humor de Ricardo Araújo Pereira (RAP) que no mesmo canal teria depois o seu
programa. Referiu-se ao discurso de Pedro Nuno dos Santos como brilhante e eficiente
por ter conseguido afastar a pressão da AD para aprovar sem condições o
OE/2025. Também considerou igualmente brilhante o discurso de Montenegro, horas
antes, ambos muito bem por deixarem abertas portas à aprovação que o PR, também
muito bem, deseja e o País precisa – disse.
Fui, entretanto, ouvir o Princípio da Incerteza onde Carlos
Andrade dirige um programa que a CNN chamou a si e onde brilham Pacheco
Pereira, Alexandra Leitão e Miguel Macedo, este a defender com brilho os
indefensáveis Maria Luís e Passos Coelho.
Fui então para o suculento programa de humor depois de ver a
unanimidade com que o PR era elogiado pelo reincidente apelo à aprovação do
Orçamento de 2025.
Lembrava-me do humor cruel, bem conseguido, com que zurzia António
Costa e os seus ministros, da eficácia como o desgastava numa perspetiva à
esquerda do PS. Imaginava o gozo ao PM, de colete, na lancha desviada para a
sua busca de uma vítima do acidente de helicóptero; à MAI das declarações patetas
nos incêndios da Madeira, a justificar o enigmático roubo de computadores do próprio
ministério, com informação secreta sem câmaras de vigilância, sem polícias no
edifício e sem rasto dos ladrões.
Ah! e o gozo que julgava fruir com o PR que repete “os
portugueses querem que não haja crises políticas”, ele que é agora bombeiro nos
incêndios que ateou e se esquece da última dissolução da AR para impedir a nomeação
de novo PM sem que os portugueses manifestassem então vontade da crise, pelas
mesmas razões que ora enumera.
Agora, que conseguiu trocar o PM, a maioria da AR e o seu
presidente, para entregar à sua gente as comemorações do 25 de Abril, a
nomeação da comissária para a Comissão Europeia, os fundos do PRR, os altos
lugares do aparelho de Estado, com o efeito secundário de cinquenta deputados
fascistas, esperava ver como RAP o zurzia.
Esperanças baldadas do humorista que imaginei a mostrar o
governo, a maioria e o PR como são, de quem até Marques Mendes esperava o humor
corrosivo! Certamente não interessava aos interesses que o PR e PGR protegeram
com um simples parágrafo.
Pode agora continuar impune o PR para liderar a oposição às oposições, bater todos os recordes de dissoluções da AR, conquistar o pódio do pior PR de sempre, incluindo a ditadura, e obter a medalha de ouro da subversão do regime. Passará à História como PR paraolímpico, com sucessivos recordes, como deficiente político.
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