Os incêndios da nossa perdição
Os incêndios da nossa perdição – #montenegronaomarcelonunca
O País arde metódica e eficientemente com perda dramática de
vidas e haveres a que não são alheias as alterações climáticas, a incúria e o
abandono da floresta. E não faltam comentadores e peritos para explicarem a calamidade
e prescrever soluções!
Não surpreende a exploração partidária para tirar dividendos
do sofrimento e desolação, o que surpreende é a memória curta de cada partido e
dos autarcas corresponsáveis da dimensão das sucessivas tragédias que nos
fustigam.
Enquanto as televisões se alimentam dos fogos e do
sofrimento vão-se anestesiando as pessoas, já esquecidas da falta de segurança
do País, desde o roubo de computadores com segredos de Estado, no próprio MAI,
à fuga de criminosos violentos de uma prisão de alta segurança.
O ensino e a saúde pioraram. A falta de professores aumentou
e são mais escassos os serviços médicos, apenas a perceção dos problemas diminuiu.
Não temos bastonários a queixarem-se da Saúde na abertura dos noticiários, nem agora
com falta de professores.
Os fracassos escondem-se com promessas e proclamações, os
erros desculpam-se com a herança do anterior governo, o caos passou a
constrangimento, as situações dramáticas a difíceis e a incompetência a vontade
de mudar.
É nestas situações que se revela o carácter das grandes
figuras nacionais e dos pequenos figurões. Vale a pena recordar como o PR destruiu
a ministra Constança Urbano (MAI) nos fogos de Pedrógão e como se comporta
agora. Ouvi-o a aconselhar políticos, e a si próprio, a ficar longe do teatro
de operações do combate aos incêndios, surgindo como porta-voz do PM e a seu
lado, sem vontade de ir em sucessivos fins de semana à missa a Oliveira de
Azeméis como ia à de Pedrógão ou em périplo fúnebre ao funeral dos bombeiros agora
mortos, com o PM e o PAR, como foi ao dos bombeiros do Douro.
O PM, perante tragédia igual, não empunhará a agulheta de bombeiro
como o fez com o colete nas águas do rio. É mais fácil procurar mortos a
navegar nas águas do rio do que a circular na estrada da morte a caminho de
Tábua.
Perdido o sorriso de roberto, basta ao PM o ar compungido a chantagear
o PS para lhe aprovar na República o OE/25 que nos Açores e Madeira o PSD negociou
com o Chega.
Curvo-me com profundo respeito perante as vítimas dos
incêndios, com náusea das três principais figuras do Estado português.
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