Divagando (3) – #montenegronaomarcelonunca
O dia de ontem foi especialmente fértil em jogos políticos nacionais com o risco de os atores fugirem ao guião previamente escrito em Belém, exatamente no local onde um simples parágrafo permitiu ao autor / encenador recuperar o poder que lhe fugira com a maioria absoluta que precisou de dissolver.
Ontem, antes de o líder da menor maioria parlamentar se
reunir com o líder da maior minoria da Oposição, o primeiro levou ao PR o nome
que este escolheu para o novo PGR e que o mensageiro era obrigado a propor a
quem já tinha dito publicamente que lhe cabia a nomeação.
Foi escolhido um magistrado com uma honestidade e
competência a toda a prova, o que mereceu aplauso unânime, apenas com um defeito,
ser oriundo do Ministério Público como este pretendia, ao contrário do que as
50 personalidades e o País desejavam para enfrentar o sindicalismo e carácter
corporativo da instituição. Marcelo conseguiu ainda contrariar Rui Rio cuja
liderança do PSD não suportava.
Entretanto os mesmos comentadores que há meses vaticinavam
novas eleições, porque a leviandade do PR tornara ingovernável o País, atribuíam
agora a leviandade ao líder do partido que Marcelo afastou a obrigação de fazer
haraquíri em defesa da estabilidade que agora ou depois de novas eleições surgirá
à direita.
Finda a primeira reunião em que o PM teve saúde para se
reunir com o líder do PS, para discutir o Orçamento, Pedro Nuno dos Santos que vinha
a ser humilhado e posto entre a espada e a parede recusou a parede e confirmou as
linhas vermelhas do partido.
Ninguém duvida da chantagem que vai prosseguir sobre o PS
enquanto o PSD continua em campanha eleitoral à custa do Orçamento de Medina em
duodécimos, certo de que o próximo governo será seu, antes ou depois de
eleições, com o Chega mais domesticado.
Ainda não é certo que o PS não viabilize o OE, mas Marcelo
já tem esse problema. E a juntar a esse o do Almirante Gouveia e Melo que é o
mais sério candidato da direita, se Passos Coelho não avançar, e igualmente ungido
por André Ventura. Marcelo fica com o dilema, ou o nomeia CEMGFA, contrariado e
contrariando a rotação entre os ramos das Forças Armadas, ou compromete a campanha
eleitoral de Marques Mendes, seu alter ego, para PR. Já lhe bastava a sombra de
Passos Coelho!
Nem no pior cenário que imaginou, Marcelo previu os desvios
ao guião elaborado em 7 de novembro do ano findo e metodicamente executado.
Já tem uma maioria, um Governo, um presidente da AR, um PGR
e os altos cargos do Estado substituídos. Só faltava o sucessor escolhido por
si para trespassar o alvará das condecorações e receber dele o Grande Colar da
Ordem …da Liberdade!
O guião era brilhante.
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