PR – O Golpe (peça em três atos)
Já poucos portugueses duvidam do êxito do golpe nascido em Belém iniciado com o parágrafo que pôs em causa o PM cujo sacrifício se tornou obrigatório para defesa da dignidade do cargo.
Seguiu-se o segundo ato, a dissolução da AR, um ato de aventureirismo presidencial quando os interesses do País, a execução do PRR, a instabilidade política em países da UE e a guerra da Ucrânia exigiam estabilidade e sentido de Estado.
Faltava o terceiro ato, só ao alcance do hábil construtor de cenários, levar o PS a abster-se de votar contra o OE-2025 pelos mesmos motivos que não dissuadiram o PR do 2.º ato.
É o mais longo da peça O Golpe, sempre com participação do
PR, do alter ego Marques Mendes e de outras vuvuzelas de Belém.
O pânico de falhar o golpe apoderou-se do PR e dos cúmplices, mas a chantagem vai até à votação do OE. A geometria partidária da legislatura favorece o arquiteto que açulou as polícias contra o Governo PS e congeminou e encenou a peça.
Só a abstenção do PS salvará o governo AD. Por isso, a sua humilhação é essencial para o esmagar à direita e à esquerda, deixando ao extremista IL o voto contra para se tornar a oposição de direita se o Chega viabilizar na República o governo, como na Madeira e Açores. É a forma de perpetuar na direita a maioria que ao longo dos últimos cinquenta anos esteve quase sempre na esquerda. Marcelo sabe disso.
A viabilização do próximo Orçamento deixa a AD à solta no resto da legislatura. O atual PR não pode dissolver a AR nos últimos 6 meses do mandato e o próximo nos primeiros seis meses.
Enquanto decorre o último ato de O Golpe, o PR, de cabeça perdida, decidiu marcar um Conselho de Estado para chantagear o PS. É um manifesto abuso das suas competências e um ultraje à CRP. É a abusiva instrumentalização do órgão de consulta para o combate partidário. Se houvesse dúvidas sobre a liderança da direita, fica provado à saciedade que a sede reside em Belém. A encenação de O Golpe foi cirurgicamente planeada.
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