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A mostrar mensagens de outubro, 2024

Divagando 13 – OE/2025 – #montenegronaomarcelonunca

O primeiro Orçamento do Estado do cavaquismo com sotaque do Norte é o da direita liberal, ansiosa de confiscar o aparelho de Estado para desmantelar o estado social. O OE/2025 está antecipadamente aprovado pela abstenção do PS e a discussão é apenas um ritual para a aprovação final ou o pretexto para o PSD provocar as eleições para que se preparou com a folga orçamental herdada e gasta na pacificação da função pública. A resolução dos problemas da saúde e ensino, em noventa dias, fracassou e não pararam de agravar-se, apenas a perceção melhorou e a contestação esmoreceu. Com a segurança a perigar nas ruas, nas plataformas digitais, nas cadeias e nos edifícios do MAI, onde os computadores estão à mercê de um qualquer larápio, a perceção é que está tudo muito melhor com a chegada deste governo, enquanto a realidade se agrava. A geometria eleitoral garante a longevidade do PSD no poder, com ou sem o Chega, em novas eleições. O risco do PSD/Madeira, aliado do Chega, tal como o dos Açores,

Efeméride – 30 de outubro de 1975 (Assinalo a efeméride com um texto atualizado)

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Há 49 anos, o maior genocida da península Ibérica determinou que Juan Carlos passasse a ser o chefe de Estado interino de Espanha, sob o pseudónimo de príncipe. O ditador não se limitou, durante décadas, a eliminar centenas de milhares de espanhóis em campos de concentração, execuções extrajudiciais ou na prisão, escolheu a natureza do regime e a pessoa a quem endossaria a chefia do Estado. Num país onde a coragem de enfrentar o ditador nunca morreu, a violência da repressão garantiu ao ditador a morte confortada com os sacramentos e a bênção do clero que foi seu cúmplice. A ditadura clerical-fascista terminou com Franco, mas o novo regime nasceu do poder conquistado e mantido pela violência. Juan Carlos foi educado no fascismo e destinado a perpetuá-lo. O que o grotesco general não previu foi a obsolescência das ditaduras e os ventos da democracia que varreram regimes militares, e democratizaram a Europa. A monarquia espanhola é herança do franquismo, a anomalia que se manteve pelo me

Até qualquer dia, João Fernandes

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Chegado a casa, após um almoço com amigos, passei os olhos pelo Diário de Coimbra, o ritual habitual com que, muitas vezes, começo e termino a leitura, pela necrologia. Já passava das 17 horas, e o João Fernandes, a essa hora, já era cinza. Era um sólido democrata e excelente amigo que conheci há mais de cinquenta anos no exercício das minhas funções profissionais. Fui cedo seu amigo e, mais do que isso, fui um admirador da sua integridade cívica, coerência e generosidade. Na farmácia que geria, onde era simples ajudante de farmácia, o seu pequeno escritório era um centro de convívio por onde passaram muitos figuras relevantes da democracia que ali, no seu convívio, semearam Abril. Já era democrata antes do 25 de Abril e assim permaneceu até aos 95 anos, a idade em que a morte o levou. Sinto saudades desse ano que precedeu a democracia, mas sinto, sobretudo, a perda de um amigo que durante mais de cinquenta anos foi uma referência da ética republicana e da fraternidade. Até

Um caso de cerência

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Tarrafal – O Campo da Morte Lenta (29 de outubro de 1936 – 88.º aniversário)

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Há 88 anos abriu, com 152 presos políticos, o Campo de Concentração do Tarrafal, onde a morte era mais doce do que a vida e o Inferno da vida o Paraíso dos torturadores. Saídos de Lisboa, em 18 de outubro de 1936, foram nessa primeira leva os grevistas do 18 de janeiro de 1934, na Marinha Grande, e alguns dos marinheiros que participaram na Revolta dos Marinheiros de 8 de setembro desse ano. E ali chegaram, no dia de hoje, há 88 anos. Outubro era mês, nesse dia 29, no ano de 1936. Salazar teve lá, no severo degredo da ilha de Santiago, Cabo Verde, o seu Auschwitz, à sua dimensão paroquial, ao seu jeito de tartufo e de fascista, os algozes torturadores, ao serviço da ignóbil ditadura de facínora de Santa Comba Dão. Foram 37 os presos políticos que lá morreram, sucumbindo na «frigideira» ou privados de tudo, assistência médica, água, alimentos, e os mais elementares direitos humanos, alvos de sevícias, desterrados em vida e na morte. Só depois do 25 de Abril puderam os seus corpos

O fracasso da manifestação do Chega

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Confesso que eu próprio me interroguei sobre o fracasso da manifestação que o Führer André Ventura convocou para ver Lisboa a seus pés. Cerca de duzentas pessoas a desfilarem em zelo nacionalista foi uma desilusão para a mania das grandezas do líder do Chega e uma facada no seu amor-próprio. Mas tudo tem uma explicação. O slogan «BANDIDOS NÃO» acabou por intimidar os eleitores do Chega e, talvez pela mesma razão, muitos dos seus deputados viram no slogan a mensagem que os excluía.
  Humanidade e lei religiosa Por Onofre Varela Cada país rege-se pelas leis aprovadas no seu parlamento, formado pelo voto popular, ou impostas por um ditador . Retirando a segunda hipótese que as pessoas bem formadas rejeitam, é comum (por respeito à liberdade) não nos imiscuirmos na política interna dos outros países, tal como não ditamos leis na casa dos nossos vizinhos. Mas a s lei s não ca em do céu como as folhas outonais caem das árvores… h á uma “História das Leis” ligada ao desenvolvimento da C ivilização . No Egipto Antigo, há 5.000 anos, já havia uma lei escrita para governar o país, baseada na tradição e na igualdade social, e h á 3.800 anos o Código Hamurabi regia a lei na Babilónia. O Antigo Testamento tem mais de 3.300 anos e assume a forma de imperativos morais ( alguns deles duvidosos hoje, mas todos aceites naquele tempo, naquele lugar e por aquela gente ) como recomendações para uma boa sociedade. Há cerca de 2.900 anos, Atenas foi a primeira sociedade a
  «A teísmo-Cristão»  Por Onofre Varela Em 1945, quando soldados das tropas aliadas entraram nos campos de concentração nazis, não queriam acreditar no que viam. Seres humanos esqueléticos e pilhas de cadáveres, era o que restava dos prisioneiros judeus. O general Eisenhower pediu a quem tivesse máquinas fotográficas para tomarem o maior número possível de imagens, pois haveria de vir um tempo em que alguém se ocuparia em negar o que eles testemunhavam (premonitório!). Passado o natural estupor provocado pelo conhecimento das atrocidades cometidas na guerra, a realidade da condição humana foi alvo de profundas reflexões. A religião, enquanto refúgio das almas, não sabia explicar o abandono dos mais fracos e desprotegidos. Os crentes mais directamente atingidos pela tragédia sentiam legitimidade para perguntar: “ Onde estava e que fazia Deus, quando os nazis eliminavam o seu povo eleito em câmaras de gás?!”… Não era fácil responder às interrogações daqueles que se consideravam
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            Cartune de Varella

Divagando (12) – #montenegronaomarcelonunca

O definhamento da direita democrática não se deve apenas ao surgimento de partidos extremistas, IL e Chega, mas ao desvario do PSD e às convicções políticas dos últimos inquilinos de Belém. Cavaco, ideólogo de Montenegro, veio na última semana insistir que não há direita nem esquerda, afirmação habitual de quem é da pior direita. Marcelo conseguiu sempre a viragem à direita do PPD/PSD e, após nova dissolução da AR, a do País. Começou em Lisboa com a candidatura de Moedas e teve êxito. Depois, com as eleições que provocou, obteve maioria de direita na AR, no Governo e no País. Cavaco usou o chefe da casa civil para inventar escutas do PM e provocar a sua queda. Desmascarado, fracassou e ficou em estado deplorável. Marcelo, mais inteligente e mais perverso, levou a PGR a revelar aos media escutas dos procuradores ao PM. E aguardou a sua demissão para reincidir na dissolução da AR. A semana que terminou foi fértil em acontecimentos e a revelar a fragilidade do governo que garantiu o

Desventuras de um surdo – Crónica

Já sexagenário dei-me conta dos braços curtos, a precisarem de alguns centímetros mais para ler o jornal. E a necessidade de revalidação da carta de condução automóvel levou-me ao oftalmologista. Para minha surpresa, antes de me passar o atestado médico, disse que precisava de usar óculos. E saí com o atestado e uma receita para os óculos. E assim andei, desde então, a mudar de lentes, por prescrição médica, e de armação por habilidade da vendedora. Até hoje. Há cerca de dez anos, por rebelião doméstica sempre que ligava a TV, admoestado pelo incómodo do ruído a tímpanos sensíveis, fui à consulta de um médico da especialidade. Depois do audiograma e de outros exames, ouvi da jovem especialista a ameaça: tenho de o aparelhar. Fiquei estupefacto, mas não acreditei que a jovem médica, em contraste com a simpatia, me considerasse uma cavalgadura a quem quisesse colocar arreios. Não sendo também pedra ou madeira a precisar de ser cortado ou desbastado, nem tela a precisar da primeira

João Soares (ex-presidente da Câmara de Lisboa no seu mural no Facebook

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O artigo do senhor Almirante António Silva Ribeiro. Publicado no Expresso a 22 de Outubro. Que eu julgava ter publicado aqui no meu mural a 23 mas que pelos vistos falhou. Aqui fica como não poderia deixar de ser, transcrito na integra: "Relações político-militares Almirante António Silva Ribeiro Ex-chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas Ao desrespeitar militares em serviço, o ministro enfraquece a sua própria autoridade e compromete a perceção pública sobre a relação entre os líderes políticos e as Forças Armadas, que deve ser pautada por respeito mútuo e cooperação. (22 outubro 2024 07:03) O incidente recente em que um ministro se terá descontrolado emocionalmente e desrespeitado militares que impediram o seu acesso à placa de estacionamento de aeronaves, no Aeródromo Militar do Figo Maduro, suscita uma reflexão sobre os significados político e militar da lamentável situação, e a sua contextualização no âmbito das relações político-militares. Do ponto de

O réptil* – Dedicado ao André Ventura e ao seu saprófita Pedro Pinto

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O réptil tem a pele grossa e respira por pulmões. Não controla a temperatura. Aquece-se nos média e foge do calor para o ar condicionado do escritório ou da AR. É exímio na arte de se camuflar, mas é um carnívoro que não larga as presas. Põe um cravo na lapela quando lhe convém, e abomina-o se lhe interessa. Defende os Direitos Humanos para ter um diploma e serve-se desse diploma para os combater. O réptil é viscoso e repelente, e consegue atrair as presas. O réptil não tem passado, tem fome de futuro. E adapta-se muito bem ao ambiente terrestre. O réptil passa pelas pessoas e parece normal. Psicopatas, marginais e cadastrados veem no réptil a luz que os ilumina, o arauto da nova ordem que germina no ódio à liberdade, o aríete contra as minorias e a democracia. O réptil foi, em Portugal, o primeiro animal a conquistar um lugar na casa da Liberdade, para a combater, fazendo jus à história evolutiva, em que os répteis foram os primeiros vertebrados a conquistarem o ambiente terrest

Divagando (11) – #montenegronaomarcelonunca

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Caros leitores, seria profunda leviandade inorar a tensão de polícias em bairros onde, ao longo dos anos, se organizaram gangues, ou não ser solidário com a corporação que tem o monopólio da violência para assegurar e repor a ordem. É, de resto, uma exigência democrática castigar os marginais que semearam a destruição e o terror em numerosos bairros da área metropolitana de Lisboa. É dilacerante pensar que há um condutor de autocarro em perigo de vida, possivelmente um cidadão que vive com as mesmas condições e dificuldades e em bairro idêntico ao dos moradores onde os delinquentes o esperaram. Aparentemente estamos perante um ato de violência organizado por quem esperava um pretexto, tal a dimensão e diversidade geográfica onde eclodiram os atos de vandalismo que urge reprimir, mas sempre, sempre, sempre de acordo com as normas do Estado de Direito democrático. Dito o que acima se refere, é altura de apreciar as pessoas de quem esperamos a defesa do Estado de Direito e a reposiç