Divagando (6)

 #montenegronaomarcelonunca – 3101 carateres

A descabelada decisão de Israel contra Guterres, uma reincidência depois do pedido de demissão, uniu na defesa do secretário-geral da ONU a França, Reino Unido, Rússia e China, com o silêncio cúmplice dos EUA e Portugal a meio caminho entre os EUA e Israel, com Paulo Rangel a pedir a Israel para reconsiderar a declaração de persona non grata a Guterres e este a merecer cada vez mais a escolha para o Prémio Nobel da Paz.

Entretanto a reunião entre Montenegro, o líder que Marcelo fez PM, e o líder do PS foi precedida de uma campanha de chantagem e diabolização do último. Não surpreende o epíteto de radical bolçado pelos piores agentes da direita, o que foi feito contra António Costa, Sampaio e até Guterres, este o peixinho vermelho em pia de água benta. O que surpreende é a baixeza dos ataques ad hominem de que é exemplo o Público de ontem através do jornalista Manuel Carvalho.

Vale a pena recordar os ataques desbragados a Pedro Nuno dos Santos pelos ministros capazes de tudo a precederem o encontro com Montenegro, e os incapazes a mostrarem o perigo que representam. E, para terminar, antes da reunião, o inqualificável ataque do PM ao líder do PS na AR, o que parecia dificultar qualquer entendimento.

À ampla divulgação da proposta irrecusável de Montenegro, como as dos padrinhos da Máfia, com efeitos fatais para o destinatário, só faltava o desespero de Marcelo que se intrometeu nas negociações para as perturbar.

O PSD queria eleições para se reforçar antes de negociar com o aliado natural, o Chega, e colher benefícios do eleitoralismo que desde o início o atual Governo prosseguiu, mas Montenegro sabe que seria substituído porque o não era não e assustou-se mais quando o PR, para salvar a pele, queria já a negociação. Assim, recebeu Pedro Nuno dos Santos com assinalável recuo nas medidas do Orçamento saído do laboratório experimental do perigoso ministro das Finanças, de tal modo insensato que até as instituições que vigiam a defesa do sistema financeiro mundial o consideravam pernicioso.

O que parecia um divórcio por desejo mútuo tornou-se um namoro do PM ao PS para se salvar e salvar as nomeações que fez com a conivência do PR. incluindo a manutenção do novo PGR no cargo, para lá dos 70 anos, manifestamente ilegal.

Pedro Nuno dos Santos, perante a pressão dos comentadores, dos liberais do PS e da opinião publicada, pode ser obrigado à abstenção violenta ao OE/2025, mas viabiliza um mau orçamento e um governo apostado em entregar aos privados tudo o que lhes interessa e em desmantelar o que resta do Estado social.

Marcelo é já o cadáver político adiado, que meteu o País na embrulhada, e Montenegro o jogador de póquer capaz de arriscar a cave na derradeira jogada para a sobrevivência.

Os dados estão lançados e André Ventura, afastado por tática, pode voltar a jogo, mas a viabilização do OE/2025 será tentada até ao último minuto pelo PM que se portou como leão na AR e, a seguir, como sendeiro na reunião com o líder do PS.

Marcelo tudo fará para não dissolver uma vez mais o Parlamento que usou para levar o PSD ao poder e Montenegro para não ter, como Santana Lopes, um governo efémero.

Montenegro continuará a dar tudo a todos, incluindo submarinos ao almirante Gouveia e Melo, para sobreviver e deixar o País com ele, este PR e o próximo, um Parlamento e todos os altos cargos do Estado.

É aterrador o futuro que se vislumbra, com o PSD a garantir mais um ano no governo e outro sem possibilidade de novas eleições, e o Chega e os neoliberais extremistas do IL na oposição de direita e a esquerda a dilacerar-se numa guerra fratricida.

Será a ilustração da Lei de Murphy, tudo o que pode correr mal corre efetivamente mal e da pior maneira.


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