O Governo e a língua portuguesa
Que o primeiro-ministro tenha conflitos com o verbo «ser» é uma inovação que registou com êxito. Por isso, «será-lhe» difícil entender o reiterado deslize com o verbo «haver». Não é tão grave como o do seu ideólogo Cavaco que, já licenciado, grafava na ficha da PIDE, o «há», sem «h», antes de, já PM, tropeçar no futuro do verbo fazer, «façarei», e no plural de cidadão, que, em desprezo pela cidadania, o levava a dizer «cidadões».
Todos sabemos que o hábito dos políticos, que contagiou
jornalistas, tende a normalizar as expressões: há meses, (horas, dias, séculos,
tempos, minutos ou segundos) seguidas do advérbio atrás. Está errado.
Nem como redundância se aceita.
Montenegro foi hábil a gerir a folga orçamental herdada para
as eleições que desejava e, até agora, da arte de governar só herdou do
antecessor o erro gramatical, reincidindo a cada momento na expressão há dez
anos atrás.
Não é apenas questão de bom gosto. O verbo haver, referido
ao tempo, tem implícito o tempo decorrido.
Não esqueçam, leitores, não há anos atrás, só há
ânus atrás, …e órgãos reprodutores à frente.
Repitam comigo, só há ânus atrás, não há anos atrás.
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