CDS de Paulo Portas

O envio da fotografia de Freitas do Amaral do Largo do Caldas para o do Rato não é apenas má educação, como benevolamente se afirmou. É um acto que revela a natureza do CDS. Os actuais dirigentes são jovens em idade, velhos nas ideias e arqueológicos no comportamento. Não fizeram mais do que recorrer à prática estalinista, inscrita na sua matriz genética, na versão de direita extrema.

Para além de fundador e primeiro presidente, Freitas do Amaral procurou, com Adelino Amaro da Costa, criar um partido conservador que recuperasse para a democracia os salazaristas sem passado demasiado exuberante ou particularmente tenebroso. Foram mais fortes os ímpetos reaccionários dos militantes e afastou-se o fundador.

Lucas Pires sucedeu-lhe na liderança e deixou-se seduzir pela democracia. Razões de assepsia levaram-no a mudar de companhia e acabou como quadro de grande qualidade no PSD para onde agora pode o CDS remeter também a fotografia.

Seguiu-se Manuel Monteiro, que se mantém reaccionário, mas saiu na sequência de intrigas e ciladas para fundar o PND. Resta no CDS o antigo ministro de Salazar - Adriano Moreira - fortemente crítico da invasão do Iraque, a pôr em causa o espírito bélico e a sedução de Paulo Portas por Bush.

É altura de lembrar que o CDS foi expulso do Partido Popular Europeu pelas duvidosas credenciais democráticas e débeis manifestações de afecto ao projecto europeu. Hoje tem dois deputados no Parlamento Europeu, integrados no PPE à boleia do PSD.

O CDS e a democracia têm suspeitas mútuas e animosidade recíproca. É possível que a próxima liderança se transforme na comissão liquidatária de um partido que não tem a coragem de assumir as posições de Le Pen mas cujo coração pulsa ao ritmo de um nacionalismo arcaico, da xenofobia e da nostalgia do império colonial.

Quem sabe se a fotografia de Freitas do Amaral não é a primeira peça da mobília a sair de um partido que se esvazia?
Carlos Esperança 

Apostila - Retirei a fotografia que exornava o texto. Aceito a crítica de um leitor que a considerou de mau gosto.

Comentários

Anónimo disse…
Parecia a reacção do(a) traído(a).Mas à moda antiga...garotices como dizia o outro
Gravatas disse…
Embora a atitude seja na verdade uma garotice este post é de uma desonestidade intelectual tremenda.
O mínimo que se pode pedir quando se fala do passado é que se conheça a História.
Se o Carlos Esperança que assina é o mesmo que eu conheço fico admirado com tantas falácias e imprecisões!

Enfim...
Anónimo disse…
O CDS-PP parece um adolescente que terminou uma relação amorosa: amua e teatraliza as suas reacções na esperança que a contra-parte sinta remorsos.
Anónimo disse…
Caro CE, se durarmos uns tempos, não tarda muito temos uma reconfiguração dos partidos.
Mal 'alinhados' desde a revolução.
Deste PP/CDS,pouco mais há a esperar.
Caro Gravatas:
Vou deixar a fotografia para se certificar do autor. Não vejo onde esteja a desonestidade intelectual nem o desconhecimento da História do CDS.
Gostava de ver Paulo Portas a portar-se com a mesma coragem com que Freitas do Amaral se portou no Coliseu do Porto em 1975.
Quanto à desonestidade do post, aguardo que me envie elementos que desmintam as afirmações para fazer a correcção devida.
cparis disse…
carlos esperança,

a fotografia é parva. e desnecessária.

quanto ao post, convinha clarificar aquilo que é a atitude de um partido e aquilo que é a atitude do seu líder demissionário. pessoalmente não estou em crer que portas tenha tido a iniciativa do envio da foto (dê crédito à sua inteligência política), e também me parece que tendo surgido a ideia, não poderia ser ele (que se afirma de saída) a opor-se...
Anónimo disse…
Cparis:

Aceito a crítica à foto que, de facto, é de mau gosto num blogue com as características do «Ponte Europa». Do facto, por honestidade intelectual, dei conta aos leitores numa apostila que acrescentei.

Quanto ao branqueamento do CDS que o caro leitor pretende fazer, responsabilizando Paulo Portas peloo episódio da fotografia de Freitas do Amaral, é uma atitude inútil. Por pior que seja Paulo Portas, e é, o CDS consegue ser ainda pior.
Quanto à inteligência de Paulo Portas não a ponho em dúvida mas o seu comportamento representa o que há de pior no género humano. A vinda de madrugada à missa por alma da irmã Lúcia é um acto indigno de um ministro de um país laico e obsceno nas circunstâncias de estar a decorrer um acto eleitoral. As trapalhadas da Moderna e da empresa de sondagens Amostra não o dignificam. O comportamento pusilânime, intriguista e calunioso em «O Independente» é apanágio de um indivíduo sem carácter e mal formado. O branqueamento da guerra colonial (aqui sei do que falo, por experiência própria) está ao nível do que os neo-nazis pretendem fazer com a exterminação dos judeus.
O carácter reaccionário do CDS levou a que sucessivamente todos os líderes o abandonassem e, só um, pela direita – Manuel Monteiro. O único que se mantém (Adriano Moreira) é um severo crítico da ocupação do Iraque. O que representa de bom o CDS?

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