Um dos homens que em Portugal sabe desta ‘poda’ (financeira), isto é, das suas ' maningâncias ' assente num saber camoniano (de 'experiência feito') é João Rendeiro (de sua graça) que resolveu produzir sobre o ‘caso GES/BES’, em desenvolvimento, algumas afirmações deveras preocupantes. Trata-se de um expert que sendo, neste momento, um dos principais arguidos no processo BPP ostenta publicamente o ‘ savoire faire ’ relativo a estas coisas e é tido pelos ‘ mercados ’ como um analista qualificado (que terá apreendido com o ‘desastre BPP’). Este ex-banqueiro (actualmente está inibido de exercer essa ‘profissão’) que virou comentador económico-financeiro na blogosfera ( link ; link ) admite que o impacto na economia gerado pela ‘crise GES/BES e associados’ poderá ser quantificado numa queda do PIB que atingirá 7,6% link . Até aqui as preocupações políticas (do Governo e dos partidos) têm-se centrado sobre quem vai pagar a falência do Grupo (BES incluído) e as c
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O cristianismo, tem vivido em pleno conflito com a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
A Igreja nunca tolerou a Revolução Francesa. O curto período do Terror (à volta de 1 ano) que decorreu entre a queda do girondinos e a ascensão dos jacobinos, mas teve o condão de assustar, terrivelmente, a ICAR.
Nem o afastamento de Robespierre, nem a realização da Convenção sossegou o Vaticano.
Como todos sabemos, a Convenção Nacional, encarregue de elaborar uma nova Constituição, promulgou, entre muitas coisas, a garantia dos direitos humanos estabelecidos pela revolução (liberdade, igualdade, fraternidade). Na verdade, consagrava-se, essencialmente, direitos individuais (doutrina liberal) e, para além disso, um espinho que sempre ficou atravessado na garganta da ICAR – o laicismo do Estado.
O Estado republicano, laico e democrático, tornou-se uma necessidade objectiva para o exercício do poder pela burguesia. Não afrontou directamente a Igreja. Mas o contrário, já não é tão linear.
Finalmente, a ICAR já não consegue protelar mais este estado latente de indefinição e acaba por ser “obrigada” a aceitar a Declaração Universal dos Direitos do Homem adoptada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1948. Depois, embora continue a teorizar entre Direitos humanos e Direitos do Homem, entre o individual e colectivo, apresenta-se agora como paladino dos Direitos Homem. As recentes disputas públicas que envolvia conceitos cívicos, de cidadania, éticos e de personalidade jurídica no caso da IVG, baseiam, para os católicos nesta subtil diferença que, na realidade, é essencialmente retórica.
Quanto ao laicismo e/ou laicidade, como sabemos, a sua origem etimológica, (grega) quer dizer “a toda a gente” – sem excepção possível.
Não foi neste ambiente que a ICAR viveu séculos. Em vez de “para todos” tem sido só “para alguns” (poucos e escolhidos a dedo – não pelo voto popular). As ideias de neutralidade e equidistância do Estado em relação a todos os cidadãos nunca fizeram carreira, nos ambientes teocráticos.
O fim de um regime de privilégios nem sempre é pacífico. AS diferenças entre estatutos sociais entre os homens e mulheres deste Mundo, nunca preocuparam a Igreja. Era o determinismo, o desejo de um deus que um dia o recompensaria….
Na realidade a machadada no poder temporal dos papas, desferida por Giuseppe Garibaldi, em 1870, as tropas nacionalistas que lutavam pela unificação da Itália, integraram os estados papais, confinando o Papado à cidade de Vaticano. Parecia tudo resolvido…
A partir daí seria legítimo pensar que o laicismo se disseminasse e consolidasse nos Estados. Não! Continuaram a interferir pela calada, pela sombra. Os Estados, por outro lado, foram débeis, e reservaram-lhe sempre, nas cerimónias públicas, um respaldado cadeirão, simulacro de um símbolo de poder deslocado e inoportuno.
A partir deste revés o papa envereda os caminhos do fundamentalismo religioso .
Pio IX, o primeiro papa confinado ao Vaticano, decidiu usar e reforçar as suas prerrogativas religiosas. Desejaria “testar” o seu poder (espiritual e, eventualmente, temporal) emitindo bulas e encíclicas do Vaticano para o Mundo.
Através da bula Ineffabilis, proclamou o dogma da imaculada concepção de Maria (1854).
É o primeiro papa a definir o exercício dogmático do Poder, proclamando dogmas solitariamente, dispensando reuniões de concílios. O teste resultou pois, embora com alguma controvérsia, foi obedecido.
Ganhou folgo para outras aventuras. Dez anos depois, Pio promulgou a encíclica "Quanta Cura" (1864) e seu famoso apêndice, o Sílabo de Erros.
Este último, tem 80 proposições que, condenam, explicitamente, entre outras coisas:
o protestantismo;
a maçonaria;
a liberdade de consciência;
a liberdade de culto;
a separação entre a igreja e o estado;
a educação leiga;
e, em geral, o progresso e a civilização moderna…
Que diferenças fazem preposições como estas de algumas das determinações do Alcorão?
144 anos?
Foi revogado ou, ainda, é um dogma?