Democracia e Partidos
À excepção da Suíça e, em parte, dos Estados Unidos da América, a maioria dos países ocidentais abraçou a chamada democracia representativa.
Os partidos políticos são, na democracia representativa, instituições fundamentais para federar e mobilizar interesses de classe, visões ideológicas do mundo e constituir plataformas através das quais se desenvolvem projectos políticos e estratégias para obter o maior número de votos.
Se alcançarem o poder, espera-se, os partidos deveriam implementar, com maior ou menor pragmatismo, os seus ideais e o seu programa.
Os Partidos são, pois, em toda a Europa instituições da maior relevância social.
Em Portugal, porém, isso não é assim.
O nosso país consegue o feito ímpar de não só ter uma imprensa, em geral, avessa a todos os partidos, estejam no poder ou na oposição, mas sobretudo de ter líderes que detestam... partidos.
Não falo de não simpatizarem com os outros partidos...
Detestam Partidos e é tudo!
Inclusive o seu!
Por isso não é de admirar que tenhamos um Presidente da República que não é filiado em nenhum partido.
Ele próprio faz gala disso!
Orgulha-se de ter "rasgado" o seu "cartão" do PSD.
Na raiz histórica desta aversão aos partidos deve estar o salazarismo enraizado e os inícios da nossa democracia.
Para além dos primeiros e efémeros Presidentes pós-1974, também o General Eanes, num contexto histórico completamente diferente, não tinha partido. Contudo, todos eles eram militares e compreende-se que naquela fase tivesse sido esse o caminho.
(Também o caso de Mário Soares (1986-1996) é distinto, na medida em que foi o primeiro Presidente "civil").
Mas, paradoxos da vida!, antes de deixar Belém, Eanes mandou fazer o "seu" Partido por procuração!
Teríamos que esperar por 2008 para que realmente se atingisse o cúmulo do absurdo.
O maior partido da oposição, o partido que governou durante mais de metade do tempo da nossa democracia, brinda-nos como uma Presidente que - segundo fontes autorizadas - "se recusa a ir a sedes do Partido!"
Será que a Senhora paga quotas?
Será que ela é militante do partido a que preside?
Nada indica o contrário.
E, contudo, recusa-se a ir ao partido....
É mais uma manifestação clara da sua formação tecnocrática.
Não é de uma tecnocrata que o país precisa. E, no jogo democrático, a oposição é tão importante como o Governo.
Chega pois o momento de todos os democratas deverem começar a ficar muito preocupados com o PSD.
Em nome da nossa Democracia.
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