A faixa de Gaza e a fé (2)

Por

E - Pá

A Fé – no que diz respeito a este dramático conflito – vai continuar, em ambas as partes, a sua caminhada nas mesquitas e nas sinagogas...

Resta, então, o Império.
Bem, o Império irá mudar porque é o aspecto político, ou se quisermos político-religioso.

E, politicamente, Olmert pretendia "limpar", perante os israelitas, a má imagem que criou com o ataque ao Sul do Líbano, que tendo sido suportada e contrariada pela resistência do movimento Hezbollah, o tornou, hoje, cada vez mais influente na manobra política do Libano.

Ao atacar o Hamas na faixa de Gaza, pretendia repetir a manobra de força - desta vez com sucesso - levando ao extermínio (não devemos ter medo de usar esta palavra em relação à política israelita) do movimento Hamas.

Apesar da desproporcionalidade dos meios usados por Israel na Faixa de Gaza, e das pesadas perdas infligidas ao Hamas, em militantes e material bélico, não é previsível que consiga ajoelhar Khaled Meshaal.

Internacionalmente, Israel hipotecou a sua imagem e inquinou a possibilidade de desempenhar qualquer papel digno no processo de Paz Palestino.

Mas há outro problema.
Para Israel o tempo urge. Faltam poucos dias para mudar o "status quo" que lhe tem permitido o morticínio.
Assim, julgo que antes do dia 20, Israel vai ter de aceitar tréguas propostas pela ONU ou impostas pelos EUA (curtas, prolongadas?).

No campo interno, esta nefasta aventura em Gaza poderá não resultar em bons resultados.
A Sra.
Tzipi Livni, aparecerá como candidata do Kadima ao Governo nas já próximas eleições sem ter o problema palestino resolvido.
Pior, poderá estar agravado.

Porque como companheiro de Livni, a outra grande vitima será o Al Fatah e o seu já desacreditado presidente da Autoridade Nacional Palestiniana - Mahmoud Abbas.

O "esgotamento" da ofensiva em Gaza fará aparecer (quer em Gaza, quer na Cisjordânia) , um Hamas politicamente mais forte, religiosamente mais fundamentalista.
Que será tentado a ocupar o actual espaço político do Al Fatah.

Portanto, em termos político-religiosos, um previsível agravamento do conflito israelo-palestino.

Tanto sangue derramado, para nada!

Comentários

Monteiro Valente disse…
O que está a acontecer na Palestina é mais um exemplo da hipocrisia que caracteriza a política internacional. Como lembra Fernando Nobre no seu blog Contra a Indiferença, "na altura do conflito da Sérvia com a sua região autónoma, o Kosovo, em 1999,acusavam-se as forças sérvias de terem morto cerca de 900 kosovares como retaliação de ataques sofridos por parte do UÇK. Essa situação levou à intervenção da NATO que acusava a Sérvia de genocídio". E tratava-se, neste caso, de um problema interno da Sérvia, o que não acontece agora com a invasão da faixa de Gaza por Israel.
Concordo com E-Pá quando afirma que "a ofensiva em Gaza fará aparecer (quer em Gaza, quer na Cisjordânia), um Hamas politicamente mais forte, religiosamente mais fundamentalista.Que será tentado a ocupar o actual espaço político do Al Fatah", pelo que "a outra grande vitima será o Al Fatah e o seu já desacreditado presidente da Autoridade Nacional Palestiniana - Mahmoud Abbas".
Concordo também com Boaventura de Sousa Santos, quando afirma no seu excelente artigo publicado no último número da revista Visão que "a guerra do Iraque foi uma antecipação de Gaza: a lógica é a mesma, as operações são as mesmas, a desproporção da violência é a mesma, até as imagens são as mesmas, sendo também de prever que o resultado seja o mesmo".
George Bush iniciou o seu primeiro mandato com a unilateral, ilegítima e trágica invasão do Iraque; termina o segundo mandato patrocinando a invasão de Gaza. Para quem havia prometido resolver o conflito no Médio Oriente, o fracasso político e estratégico dos seus mandatos foi total. E deixa o mundo mergulhado numa profunda crise financeira e económica. Pior não podia ter feito. Foi uma presidência que envergonha os EUA.

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