Bravo Maria de Lurdes Rodrigues!

Eu, enquanto pai e utilizador do sistema público de ensino, não precisava de um relatório internacional para saber o quanto a escola pública melhorou desde 2005.

Mas é agradável ler o discurso dos técnicos da OCDE e confirmar que Portugal pode ser um exemplo para muitos!

Esta é a hora de dar os parabéns a quem deu a cara e lutou - com grande sacrifício pessoal - por todas estas reformas: Maria de Lurdes Rodrigues. Uma Ministra que ficará na História como aquela que trouxe o 25 de Abril para onde ele mais é necessário: na educação.

Das muitas e interessantes páginas do relatório, redigido por Peter Matthews, Elisabeth Klaver, Judit Lannert, Gearóid Ó Conluain e Alexandre Ventura, gostaria apenas de deixar aqui estas palavras de uma testemunha ouvida pela comissão de peritos:

“Era bastante comum, em escolas rurais muito pequenas, que um professor novo permanecesse apenas algumas semanas e depois fosse embora de repente. As crianças poderiam passar semanas sem aulas até que fosse designado um novo professor e o ciclo repetia-se novamente. Os alunos faziam poucos progressos, levando a taxas de retenção elevadas, e, geralmente, os professores não conseguiam aguentar o isolamento profissional e social de trabalhar muito tempo em escolas rurais.” (Depoimento de uma testemunha)


Daqui por 20-30 anos veremos os bons frutos da acção progressista e republicana deste Governo.

Comentários

e-pá! disse…
Caro André:

Convém separar o relatório que o 1º. ministro tem em mãos, de um relatório da OCDE, como aliás Sócrates acabou por fazer, e bem, na AR.
Frases como: "Mas é agradável ler o discurso dos técnicos da OCDE e confirmar que Portugal pode ser um exemplo para muitos!", são enviesadas e incorporam múltiplas possibilidades de interpretação, como, aliás, foi possível verificar, ontem, no debate parlamentar.

Na realidade, conhecida a lilmitadíssima amostragem das fontes inquiridas (númerica, diversificação e especificidades), e por maior credibilidade que tenham os técnicos subscritores, o citado relatório carece de significado estatístico e, as ilações políticas que possam daí ser extrapoladas, tornam-se nitidamente desadequadas.

Há, todavia, outro problema.
Trata-se de um relatório encomendado pelo Governo, o que não sendo per si uma preversão insanável - o Governo deve saber a quantas anda - não deixa de estar contaminado, na sua génese, de eventuais conflitos de interesses.
Hoje, existe um imensa prole de técnicos, auditores, assessores, especialistas em pareceres, etc., que vivem na dependência e na órbita do poder, quer em termos de viabilidade pessoal ou de empresas, quer na auferição de principescas remunerações, para efectuar trabalhos que o Estado tem capacidade humana disponível.

Os relatórios independentes, seguem outra metodologia, partem de motivações distintas:
centram na avaliação objectiva de um conjunto representativo, têm situações similares (regionais ou internacionais) como fontes de comparação e são aferidos retrospectivamente...etc.

Este é um relatório para circulação interna no Governo ( para consumo interno ) mas, mesmo nesse âmbito, necessita de ser expurgado das suas substanciais limitações para não determinar a execução de políticas desadequadas.
Não é um documento para agitar na praça pública, como fez, o primeiro-ministro.

Os cidadãos - que não são parvos, nem devem ser tratados como tal -conhecem as terríveis dificuldades que o Governo, neste momento, enfrenta no Sector da Educação.
Portanto, tentar tapar o sol com um peneira é sempre interpretado como uma manobra de prestidigitação, pouco idónea.

No depoimento que transcreve queria lembrar-lhe que ..."em escolas rurais muito pequenas"!, estas, ou já encerraram, ou estão em vias de percorrer esse inexorável caminho.

Portanto, a realidade é outra. Mora ao lado.

Essa nova realidade, é profundamente marcada por uma imparável e progressiva desertificação do Interior, que o deseperante postergar da Regionalização vem acentuando.

A actual crise económica e social que, neste momento, vivemos, impressionante pelo número de falências diárias e um brutal crescimento do desemprego, poderão ser um factor estimulador de migrações internas (ou externas), como já sucedeu em Portugal, no passado salazarista, altura em que o desenvolvimento estagnou, ou retrocedeu, e a população conheceu grandes dificuldades de sobrevivência.

O ensino no Interior, nomeadamente o ensino oficial, vive uma problemática séria, preocupante e difícil que não transparece - nem podia transparecer - no dito relatório.
Não era esse o seu objectivo.

Portanto, convinha não deitar foguetes antes da festa!
Nem endeusar Maria de Lurdes Rodrigues, que vive grandes dificuldades no relacionamento com os agentes, do ensino oficial, factor de equílibrio e harmonização social e cultural, indispensável ao País.

Este relatório não cala o descontentamento que grassa entre os professores, nem diminui o dessassossego que atinge famílias e alunos.
Quem esperasse algo de parecido, com este "relatório" seria, simplesmente, ou um visionário, ou politicamente ingénuo.

Eu, também, tenho filhos a frequentar o ensino oficial e vigio e louvo os progressos, nomeadamente, no cumprimento da matéria curricular, no regime de ocupação horária (tempos suplementares), na modernização da ocupação dos tempos livres, na iniciação às novas tecnologias de comunicação e informação, na integração da família no processo educativo, etc.
Ninguém está aqui para o bota abaixo.

Mas, tenho perfeita consciência que vivo num centro urbano e, como sabemos, o País não acaba (nem sequer começa) aí.

Essa a enorme discrepância entre o dito relatório e a realidade.

Há um Mundo rural, agonizante, ou como se diz em termos biológicos "em vias de extinção", à espera de outras boas notícias...enfim, de outras realidades.
E, sejamos honestos, pouco temos para lhe oferecer, para além da tranquilidade de fim de vida aos anciãos que resistem nesses agrestes espaços.

Guardemos os Bravos! para as touradas...
Isto é a escola socrática elevada ao máximo expoente que se baseia na apologia da imbecilidade dos portugueses
andrepereira disse…
Voltamos outra vez (depois da co-incineração e dos aeroportos e das pontes) à guerra contra os relatórios de peritos. Eu nessa onde não entro. Um abraço e passem bem.

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