Os silêncios dos camaradas!

Ana Gomes vem colocar em cima da mesa uma interessante questão:

Onde estão os camaradas, sempre tão lestos a criticar o Governo, sempre tão zelosos dos direitos fundamentais, quando se trata de arquitectar um ataque saloio ao Primeiro-Ministro do Governo da República e Secretário-Geral do PS?

Em silêncio. Cautelosos.

Ana Gomes, com a frontalidade a que nos vem habituando, está do lado correcto: dos direitos fundamentais de todos, incluindo do Eng. Sócrates, designadamente do direito a uma informação leal e correcta. Nem sequer se tem que falar aqui em presunção de inocência, já que nem ele é arguido, nem sequer suspeito de coisa nenhuma!

O que sabemos é que ele era Ministro do Ambiente e que alguns procedimentos administrativos andaram a bom ritmo. O que para quem sabia que provavelmente perderia as eleições não admira! Certamente teria gosto em concluir a obra começada...

Voltemos ao que interessa: onde estão esses camaradas, como pergunta Ana Gomes?

Comentários

e-pá! disse…
COOL IT, PLEASE !

Embora não seja militante do PS, considero-me um socialista. É que os há fora do PS...
Portanto, embora o recado de Ana Gomes não me faça enfiar nenhum barrete... venho a terreiro, pedir calma, contenção e prudência.

A questão Freeport e a inusitada tentativa de envolvimento do actual PM José Sócrates, têm-me levado a que, neste blog, venha apelando ao respeito pelo calmo (cool) e tranquilo desenvolvimento das investigações, sob a natural supervisão da PGR.

Mantenho, inquietantes reservas sobre a investigação britânica orientada pelo denominado Serious Fraud Office.
Parece que na Grã-Bretanha há fraudes sérias e outras, menos sérias. Prefiro considerar todas as fraudes, como menos sérias...
Para quem criticou, impiedosamente, a PJ nas investigações do "caso Maddie", nomeadamente as demoras, a sua actuação no caso Freeport, nada lhe fica a dever.

Trata-se da aprovação de um projecto que teve lugar em Março de 2002.
Só 6 anos depois (em 2008) é que se realiza uma reunião conjunta entre as polícias portuguesa e britânica, em Haia (Holanda).
Uma pressa muito tardia.

E, depois, o que dizer deste festival mediático?
Necessidade de empolar vendas devido à crise, viver do sensacionalismo da "cacha" fácil mas simultâneamente fútil, vício de agitar águas em vesperas de sucessivos períodos eleitorais, ...

Entretanto, continuam as investigações de acordo com as normas portuguesas.

"O silêncio dos camaradas" - até parece o nome de um filme de guerra - deveria ser suficientemente convicto para ao mesmo tempo ridicularizar os soundbites e o insuportável ruido de espanpanantes anúncios de revelações, que depois de lidas, pesadas e repensadas estão cheias de nada...

A produção dos media, não é investigação policial ou judicial.
Quando muito a controversa figura de jornalismo de investigação...que nos levaria muito longe.

Resta-nos, portanto, confiar no trabalho de investigação que está a ser levado a cabo pelo MP.
Esta deve ser a atitude dos camaradas socialistas.
Se este caso versasse um dirigente do CDS, já estaria em marcha uma manifestação de desagravo...
A vetusta senhora anti-TGV tornou-se numa nóvel camarada. Mantêm-se calada.
Está queda e muda mas não ficará silenciosa.

É preciso dar tempo ao tempo para provar que o silêncio dos camaradas é, também, o silêncio dos inocentes - em qualquer circunstância!

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