A lucidez de um guerrilheiro


Fidel à sua frieza de análise, Castro consegue ser notícia graças às suas declarações sobre Barack Obama.

Reduzindo a complexidade - como é apanágio das mentes brilhantes - o antigo líder de Cuba esclarece que o Presidente dos EUA, numa manobra de imperialismo, está a promover o reforço da nação tirânica israelita e do genocídio dos palestinianos.

Já sabemos com o que podemos contar da parte do Comandante Castro.

Com efeito, este conseguiu levar o seu povo a um bom nível de vida e a um gozo pleno e igualitário dos valores democráticos, sem presos políticos e sem miséria, e é um exemplo para alguns em todo o mundo, designadamente para os comunistas portugueses.

Eu, mais inocente ou mesmo cândido, ainda mantenho muita esperança em Obama e vejo nos passos determinados que este tem vindo a tomar relativamente ao médio-oriente, a Guantánamo e ao Iraque um caminho muito positivo, que pode vir a trazer uma paz justa e duradoura a Israel e à Palestina.

Comentários

e-pá! disse…
Caro André:

Fidel de Castro é um velho revolucionário, hoje, retirado da política, como toda a gente sabe, por severa e prolongada doença.

Mantem um contacto frágil, espaçado e fugaz com o povo cubano, através da Imprensa.

É um homem que, desde há anos, luta pela sua sobrevivência física, como lutou toda a vida pelo seu País, na maior das adversidades.
Não podemos iludir, nem desvalorizar, que esteve (e está) cercado pela maior potência mundial que, há dezenas de anos, lhe impôs um bloqueio, na expectativa de o "vergar".

As suas referências a Barak Obama, mais do que esclarecedoras, têm sido ambíguas.
Na imprensa cubana e internacional podemos encontrar posições de todos os matizes, desde a sua inteira disposição em reunir - em qualquer lugar do Mundo - com o novo presidente que, por várias vezes, manifestou admiração, como, no mesmo artigo tece severas críticas à nomeação de Hillary Clinton para Secretária de Estado.

Para não glosar gratuitamente com as capacidades de Fidel, primeiro chamando-lhe guerrilheiro (como se vivessemos no tempo de Batista), depois ironizando com a sua provecta idade (a caminho dos 83 anos) que, o próprio muito conscientemente, considera o seu maior inimigo, queria incentivá-lo a que olhasse à sua volta e observasse o ocaso dos velhos dirigentes políticos, felizmente, ainda vivos.

A senescência é, de facto, um processo multi-orgânico que afecta globalmente o organismo.

Todavia, Fidel não está decrépito mas, sim, gravemente debilitado.

Não merecia - independentemente da visão que tenhamos sobre a revolução cubana - que se ironizasse sobre a sua lucidez.
Temo que, continuando nessa senda, comece a chamar ao Dr. Mário Soares - o resistente anti-fascista, lúcido...

Recomendo-lhe a leitura de dos últimos escritos (...é muito breve) deste homem para poder jugá-lo com mais moderação e contenção.
link
andrepereira disse…
Caro é-pá: agradeço, penhorado, a indicação do site. É uma verdadeira pérola. Fiquei a saber entre outras coisas que a saúde nos EUA é pior que em Cuba. Mas devemos tirar uma lição positiva de todos estes jogos de informação: também eu posso estar a ser enganado pelas grandes máquinas de informação do imperialismo. Por isso é bom ver o mundo por outros prismas. Aliás, em Coimbra tem uma página notável do Prof. Boaventura que, por exemplo, sobre Israel declara ser "o último acto de colonialismo do Ocidente". Eu até compreendo o que ele quer dizer. Pode ter razão se visto à luz de 1948. Mas em 2008?! Quererá Boaventura rever as fronteiras da Alemanha e da Polónia e da Rússia e de mais umas dezenas de países na Europa central e de leste! Há um momento em que a História tem que dar um salto em frente e partir para outra! Ou quer que os 5-6 milhões de judeus voltem para a Rússia, Polónia, Alemanha e Marrocos?
Quanto a Fidel nunca procurei ironizar com a sua respeitável idade. Eu admiro a idade, já fiz campanhas por um homem com mais de 82 anos para Presidente.
A lucidez de Fidel é tão grande como a do líder da bancada parlamentar do PC que deve ter uns 30 anos... Ou maior porque ao menos é original ao passo que o segundo só repete a cassete.
andrepereira disse…
http://www.ces.uc.pt/publicacoes/opiniao/bss/ os artigos do Prof. BSS
Subscrevo inteiramente o texto do e-pá. A idade avançada, a doença, a demência (que não ó caso de Fidel) e a morte não devem ser utilizados como arma de arremesso, porque não fazem parte do glossário da discussão política.
andrepereira disse…
Quanto a Fidel nunca procurei ironizar com a sua respeitável idade. Eu admiro a idade, já fiz campanhas por um homem com mais de 82 anos para Presidente.
andrepereira disse…
Quanto a Fidel nunca procurei ironizar com a sua respeitável idade. Eu admiro a idade, já fiz campanhas por um homem com mais de 82 anos para Presidente.

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