Steele vs. Obama
Obama já tem alguém à sua altura para fazer oposição.
É a riqueza da democracia no seu esplendor. Para um bom Governo, uma boa oposição!
Os Republicanos têm que esquecer os tempos tenebrosos da loira de Wasila, ou o manager de baseball de Arlington.
O factor demográfico corre contra o partido dos WASP (White Anglo-Saxonic and Protestant) e, como pragmáticos que são, os homens da direita americana já encontraram o seu afro para começar um novo ciclo na política interna.
Comentários
Mas há outra leitura menos ingénua, desta ópera bufa em que vivemos.
As eminências pardas (que existem em Bilderberg, na Trilateral e noutros sítios mal-frequentados)têm por agora o serviço feito, por um pau-mandado que fez bem o seu papel. Bush (que até perdeu as eleições em 2001, mas lhes era indispensável)pôs o mundo todo de pernas para o ar.
E agora elas até se podem dar ao luxo de nos presentear com o milagre dum presidente negro, cuja função principal é lavar a face da América.
Claro que nós rejubilamos, e cremos que o mundo mudou de qualidade.
Infelizmente isso não é verdade.
E a farsa vai a tal ponto, que até o Partido Republicano se dispõe a ir a jogo com um negro à cabeça.
Se isto não fosse tão mau, dava vontade de rir.
Aparentemente, a decisão do Partido Republicano faz lembrar a "lei das séries".
Decididamente, os afro-americanos estão na moda!
Contudo, os problemas que nos afligem quotidianamente - o desemprego, a eventualidade de uma deflação, a recessão económica e o desastre social - não têm a sua génese em questões étnicas.
Portanto, as soluções têm de ser outras - independentes da côr da pele, da múltipla ancestralidade ou de arranjos genéticos.
Michael S. Steele, é um advogado que se dedicou à política, depois de uma longa passagem pelo seminário.
Não tem um curriculum parecido ao de Barak Obama.
Nem de perto, nem de longe.
Poderá ser uma solução transitória capaz de dar tempo para resolver problemas internos, insanáveis, decorrentes da derrota nas eleições presidenciais e da péssima imagem deixada por G.W. Bush.
Estou convicto que o Partido Republicano, onde o acrónimo WASP (White, Anglo-Saxon and Protestant), tem um significado político, cultural, sociológico e religioso, definidor de uma estrutura social yankee, mas em nítida decadência desde o fim da II Guerra Mundial.
Mesmo, nestas circunstâncias, o Partido Republicano, terá sérias dificuldades em consolidar Michael S. Steele, como líder da oposição a Obama.
É verdade que a candidatura de B. Obama suscitou uma resposta republicana e McCain dirigiu-se a grupos americanos de interesse como a National Association for the Advancement of Colored People (NAACP), activistas dos direitos cívicos, na educação e em questões judiciais e, ainda, à National Urban League que desenvolveu um trabalho regular na ajuda à Black Migration, predominantemente vinda do Sul, trabalhando na formação técnica, no acesso à educação e na integração do mercado de trabalho, bem como no apoio social nas áreas do lazer, habitação, saúde e saneamento.
Mas quer a NAACP, como a National Urban League, são organizações cívicas autónomas, que resguardam uma ampla margem de independência e onde, sejamos clarividentes, Obama "chegou primeiro".
O grande enigma é se, para além da novidade (para os republicanos) e da surpresa (para a América), Michael Steele constitui para o Partido Republicano, uma mudança que carregue uma mais valia política e, logo, capaz de uma oposição real e convincente.
No meu entender é tudo muito fugaz, efémero e transitório.
Michael Steele será uma espécie de Luís Filipe Menezes, do outro lado do Atlântico ...