A ‘crise’ segue dentro de momentos….
PSD e CDS criam grupo de acompanhamento da coligação…link
Sem evidenciar capacidades para encontrar uma saída política que esclareça e resolva a crise no seio da coligação governamental os dois partidos que a integram continuam em ‘conferências de reconciliação’.
O significado imediato do tal ‘grupo de acompanhamento’ é de que a querela está para durar (até a queda do Governo?). Ou só para 'lavar'.
De facto, interpretando o comunicado emitido ontem após a reunião das (decapitadas!) delegações do CDS e PSD, verificamos que – se acaso fosse ainda possível juntar os cacos - nada de fundamental foi ultrapassado.
A reunião de ontem mostra, também, que mantendo-se profundas as clivagens e não sendo possível a ambos os líderes partidários 'salvarem a face', os dois partidos que se coligaram para governar resolveram iniciar uma fuga em frente: em direcção às eleições autárquicas. Isto é, sob os escombros de uma desavença doméstica – com graves e inevitáveis reflexos nacionais - resolveram construir uma nova frente de luta. Subjugaram – ao contrário que insistentemente propalam - os graves problemas nacionais aos interesses partidários a curto prazo (eleições autárquicas).
Ficamos todos com a impressão que a reunião de ontem moveu-se essencialmente com o objectivo de ‘sossegar’ o PR e o seu órgão de aconselhamento – o Conselho de Estado, mostrando que o diálogo, mesmo que incipiente e formal, ainda existe. Mas, da reunião de ontem, ressalta que não houve qualquer tipo de entendimento. As omissões deste comunicado são muito mais relevantes do que angelicais propósitos futuros. E sobre o estado da Nação o silêncio é ensurdecedor, bem como sobre os vastos sacrifícios já impostos aos portugueses que se revelaram insuportáveis e, simultaneamente, ineficazes (como é facilmente verificável quando se analisa o défice, a recessão económica, a dívida externa e o emprego).
- Será que a coligação ainda não percebeu que atirar austeridade em cima de austeridade conduz-nos irremediavelmente ao desastre?
- Será que a coligação ainda não percebeu que atirar austeridade em cima de austeridade conduz-nos irremediavelmente ao desastre?
- Ou, ontem, pretendeu-se pura e simplesmente ganhar tempo?
Na verdade, a reunião interpartidária de ontem, tinha ab initio pouca relevância. Mais importante que as escaramuças partidárias da Direita são os reais problemas e a profunda indignação popular que a aplicação mecanicista de uma receita austeritária cega, desproporcionada e destrutiva (ao longo do 1º. ano de governação) provocou no País.
E uma eventual reconciliação desta coligação com o País não passa por reuniões em hotéis da capital. Ontem, no final da reunião os portugueses confirmaram uma noção que ocupava já a alguns dias o inconsciente colectivo nacional: os danos são irrecuperáveis e a crise política inultrapassável com os actuais protagonistas.
Os próximos passos para uma solução governativa – dentro do enquadramento constitucional - devem começar a ser discutidos hoje no Conselho de Estado, fora dos remendos que a actual maioria pretende levar a cabo e vão necessariamente envolver a dita 'sociedade civil'. E se dúvidas houvesse sobre esta imperiosidade o lamentável espectáculo de folclore oferecido ontem pela ‘coligação’ (cada vez mais um eufemismo) para além dramaticamente esclarecedor, abre 'portas' para múltiplas intervenções (que efectivamente já começaram...).
Não estamos perante um vulgar percalço governativo. O País aparentemente suspenso, mas realmente indignado, profundamente revoltado, está perante uma encruzilhada histórica. No único espaço que dispõe (entre eleições) para se manifestar – a rua – mostrou-se convicto, ordeiro e determinado. Neste momento vigilante – a vigília em Belém mostra ‘isso’ – devolveu a bola às instituições democráticas que tudo terão de fazer para se credibilizarem. E, como estaremos todos de acordo, o tempo urge.
Entretanto, como nos antigos separadores da TV, poder-se-á escrever: ‘a crise segue dentro de momentos’…
Comentários
Ou há uma enfermeira boa?
Aqui no deserto Havia uma, mas a crise usou-a muito, desde médico russo a chefe de enfermeiros trintão avançado e com banda de rock.