Portugal: o ‘estado de sítio’…
A centralidade da luta política que influencia decisões no seio da UE decorre no âmbito financeiro e monetário. Melhor dizendo: para tomar pulso ao ‘ambiente’ europeu (relativo a hegemonias políticas, económicas e financeiras) devemos olhar e interpretar a recente tomada de posição do BCE relativa à compra de dívida nos mercados secundários. E o primeiro sinal é que a Alemanha saiu deste embate fragilizada. Países habitualmente seus aliados na condenação e vitimização do países do Sul, como têm sido a Áustria, Holanda, Finlândia, abandonaram a sua velha e puritana filosofia luterana, que tem sido abusivamente utilizada para incentivar recriminações aos excessos perdulários dos povos europeus periféricos, isolando-a.
A crise na Zona Euro começou a alterar alguns dos equilíbrios políticos estabelecidos. Embora a Alemanha mantenha uma enorme supremacia política e económica no quadro europeu, dificilmente consegue gerar consensos neste espaço. O seu isolamento é público e notório. Basta ler as reacções do presidente do Bundesbank link e do ministro Schauble link às medidas anunciadas pelo presidente do BCE, Mario Draghi.
Merkel perante esta situação tem tentado conciliar a profunda crise com interesses partidários e eleitorais que as eleições para os ‘Land’s’ já expuseram na praça pública. Mas o saldo – quanto às próximas eleições federais – continua por apurar e a aguardar posteriores (melhores) desenvolvimentos.
De resto, na UE, surgem políticos – de diversos leques ideológicos – que têm distanciado da rigidez teutónica. É o caso de Monti e Hollande. No meio Rajoy espreita ‘oportunidades’.
Por cá, Passos Coelho, um indefectível aliado de Merkel, começa a sofrer no pêlo. É o ricochete resultante do isolamento da ‘sua’ chanceler. Vê a sua base de apoio político começar a esboroar-se e, como resposta, resolve lançar-se em insensatas aventuras de radicalismo neoliberal. E, no terreno social, a actual calmaria só pode prenunciar o aproximar de violenta tempestade.
As reacções dos partidos políticos (incluindo o ‘mutismo patriótico’ do CDS), dos parceiros sociais (sindicatos e associações patronais), de académicos, bem como algumas foguetadas isoladas de barões paroquiais (Manuela Ferreira Leite link, Rui Machete link, etc) mostram – ao fim de pouco mais de 1 ano - ao estado a que isto chegou.
Para sermos breves e directos: ao ‘estado de sítio’!
Para sermos breves e directos: ao ‘estado de sítio’!
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