Primeiro-ministro fala ao País
O porta-voz da troika fará hoje uma declaração ao país, onde
serão anunciadas mais medidas de austeridade.
Às 19H15 o homem que as vicissitudes da história e os
interesses da classe dominante colocaram à frente do Governo, sem qualquer
experiência ou competência demonstrada, dirá o que Relvas & C.ª lhe indicam
para fustigar o povo, em geral, e a classe média, em particular. Não faltarão
merceeiros com sede no estrangeiro nem os habituais avençados das televisões,
com o epíteto de comentadores, para lhe elogiarem as ameaças.
Sem a supressão de uma única viatura das muitas que circulam
para uso particular de funcionários de terceira categoria, sem coragem para uma
reforma administrativa que elimine lugares políticos em vez de postos de
trabalho, sem renúncia às sinecuras com que o Governo paga os favores a quem
lhe conquistou o poder, Passos Coelho persiste no desmantelamento do Estado e
no empobrecimento dos portugueses.
Pouco do que censurou ao anterior Governo foi alterado mas
vai anunciar, «custe o que custar», novas medidas que ninguém mais se atreveria
a tomar e outros sacrifícios que agravam o inverno do nosso descontentamento e
semeiam a primavera da nossa revolta.
As Empresas Públicas, as parcerias ruinosas, as fundações
criadas para a fuga ao fisco e as sinecuras para os amigos vão continuar à custa
do agravamento das medidas com que fustiga os magros rendimentos dos
pensionistas e dos cada vez mais raros detentores de um posto de trabalho.
Enquanto os parceiros da coligação se desentendem na forma
de nos tramarem, estamos certos de que se unem na substância da agenda
ultraliberal com que desejam hipotecar o futuro de Portugal.
Para não ouvir a vuvuzela de serviço a interesses que não
são os meus, vou ler o Eça. Lá encontrarei o PM, os sequazes que o acolitam e
as outras figuras deste desgoverno.
Comentários
Em pouco mais de 1 ano conseguiu 'esquecer' tudo o que disse acerca das medidas desenhadas do anterior governo constitucional para enfrentar a crise (da dívida e do euro)... e sucedem os 'pacotes' atrás de 'pacotes'. Interessante a dualidade de critérios em relação às anunciadas 'novas' medidas. No passado (quando estava na Oposição) as correcções de trajectória (os chamados 'ajustamentos') descredibilizavam o País perante os 'mercados'. Hoje, o mesmo tipo de medidas tem um sentido inverso: 'credibilizam'!...?.
Mas existem outros assuntos para os quais nem foi preciso 1 ano para virar a casaca. Há cerca de 3 meses - alinhando com a sua tutora Merkel - fez questão de sublinhar que era contra a compra de dívida pelo BCE no mercado secundário. Hoje, deverá anunciar que essa medida é benéfica para Portugal, que nos vai permitir o mais fácil regresso aos mercados em 2013, etc...enfim, deverá 'soltar' um F-R-A! : - Frá! - FRE! Fré! - FRI! Frí! - FRO! Fró - FRU! Frú ...
Para aonde vamos com um primeiro-ministro sem coluna vertebral?
- Para uma 'latada'?
“A negativa do povo da Islândia a pagar a dívida que as elites abastadas tinham adquirido com a Grã Bretanha e a Holanda gerou muito medo no seio da União Europeia. Prova deste temor foi o absoluto silêncio na mídia sobre o que aconteceu. Nesta pequena nação de 320.000 habitantes a voz da classe política burguesa tem sido substituída pela do povo indignado perante tanto abuso de poder e roubo do dinheiro da classe trabalhadora. O mais admirável é que esta guinada na política sócio-económica islandesa aconteceu de um jeito pacífico e irrevogável. Uma autêntica revolução contra o poder que conduziu tantos outros países maiores até a crise atual.
Este processo de democratização da vida política que já dura dois anos é um claro exemplo de como é possível que o povo não pague a crise gerada pelos ricos.”
Ouvir em: http://www.youtube.com/watch?v=lNt7zc6ouco