A adoção de crianças por casais do mesmo sexo

No chumbo da votação, a que a AR vai proceder, não está em causa uma questão moral, está em causa um preconceito e, quase sempre, por razões meramente confessionais ou de oportunismo político.

Escrevi ‘quase’ porque há deputados cuja formação religiosa os impede de votar uma lei que, na sua fé, e, com seriedade igual à minha, consideram inadequada. No meu ponto de vista, cujas dúvidas são habitualmente tão fortes quanto as certezas deles, não vejo razões morais para votar contra a lei que permite a adoção por casais do mesmo sexo.

Neste momento, há crianças filhas de um dos membros do casal que vive legalmente em regime de comunhão de adquiridos. Se lhes faltar o vínculo familiar ao outros membro, em caso de morte do cônjuge de quem era filho, perde o direito à responsabilidade e aos bens do cônjuge sobrevivo. É, pois, uma questão de proteção das crianças o que está em discussão. Deve punir-se uma criança e arredá-la do direito sucessório pelo facto de ser criada por um casal do mesmo sexo?

Valia a pena estudar “A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado”, de Friedrich Engels, baseado nos estudos de um dos fundadores da antropologia moderna, L. H. Morgan.

O voto contra não passa de uma punição a crianças que não têm culpa de viver no seio de um casal que alguns consideram viver em pecado. É mera vingança contra pessoas erradas e indefesas.

Comentários

Manuel Galvão disse…
O casamento civil é um contrato económico. Tudo o que se lhe relaciona a montante e a jusante continua a sê-lo.
Claro que sim, é o interesse económico da criança que está em causa. Por isso há tantos opositores à adoção. É que, em questões de riqueza, quando alguém ganha é porque alguém perdeu…
E o casamento religioso? É diferente?

O casamento religioso devia ser alheio ao estado laico, tal como o batismo.
Manuel Galvão disse…
O casamento religioso, católico, ou muçulmano, ou outro religiosa,é diferente. É um contrato firmado no seio e de um grupo de pessoas que se regem voluntáriamente por regras (direitos e deveres) diferentes das que regem a sociedade civil, no que diz respeito ao casamento, a Igreja (a confraria).

Idem para o batismo versus registo civil de nascimento.

Por isso nem o casamento civil nem o registo civil de nascimento são reconhecidos pelas igrejas, e vice-versa, as consevatórias civil não reconhecem os registos de casamento religiosos nem os registos de batizados da igreja.
Em Portugal, graças à concordata, o casamento católico (respeitando as obrigações legais) produz efeitos civis.

Já o batismo é ignorado.
umquarentao disse…
Manifesto: Promover a Monoparentalidade - sem 'beliscar' a Parentalidade Tradicional (e vice-versa) - é EVOLUÇÃO NATURAL DAS SOCIEDADES TRADICIONALMENTE MONOGÂMICAS.



Anexo:
Monoparentalidade em Sociedades Tradicionalmente Monogâmicas
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- Nas Sociedades Tradicionalmente Poligâmicas apenas os machos mais fortes é que possuem filhos.
- No entanto, para conseguirem sobreviver, muitas sociedades tiveram necessidade de mobilizar/motivar os machos mais fracos no sentido de eles se interessarem/lutarem pela preservação da sua Identidade!... De facto, analisando o Tabú-Sexo (nas Sociedades Tradicionalmente Monogâmicas) chegamos à conclusão de que o verdadeiro objectivo do Tabú-Sexo era proceder à integração social dos machos sexualmente mais fracos; Ver blog « http://tabusexo.blogspot.com/ ».
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Concluindo:
- Nas Sociedades Tradicionalmente Poligâmicas é natural que sejam apenas os machos mais fortes a terem filhos; no entanto, todavia, as Sociedades Tradicionalmente Monogâmicas têm de assumir a sua História: não podem continuar a tratar os machos sexualmente mais fracos como sendo o caixote do lixo da sociedade!... Assim sendo, nestas sociedades, deve ser possibilitada a existência de barrigas de aluguer para que os machos (de boa saúde) rejeitados pelas fêmeas, possam ter filhos!
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P.S.
Existem muitos homens sem filhos ['por isto ou por aquilo' não agradam ás mulheres; adiante] que devidamente motivados/acompanhados... poderiam ser óptimos pais solteiros!!!
A ausência de tal motivação/acompanhamento não só é uma MÁ GESTÃO DOS RECURSOS HUMANOS da sociedade... como também, uma INJUSTIÇA HISTÓRICA que está grassando nas Sociedades Tradicionalmente Monogâmicas.
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É errado estar a dizer «a Europa precisa de crianças, não de homossexuais»... isto é, ou seja... a Europa precisa de pessoas (homossexuais e heterossexuais) com disponibilidade para criar crianças!
É UMA MUDANÇA ESTRUTURAL HISTÓRICA DA SOCIEDADE: os homens poderão vir a ter filhos... sem repressão dos Direitos das mulheres; leia-se: o acesso a barrigas de aluguer.
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Obs: Quando se fala em Direitos das crianças... há que ver o seguinte: muitas crianças (de boa saúde) hão-de querer ter a oportunidade de vir a ser pais... oportunidade essa que lhes é negada pela 'via normal'.
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P.S.2.
Com o declínio do Tabú-Sexo (como seria de esperar) a percentagem de machos sem filhos aumentou imenso nas sociedades tradicionalmente monogâmicas.
Mais, por um lado, muitas mulheres vão à procura de machos de maior competência sexual, nomeadamente, machos oriundos de sociedades tradicionalmente Poligâmicas [nestas sociedades apenas os machos mais fortes é que possuem filhos, logo, seleccionam e apuram a qualidade dos machos]... e... por outro lado, muitos machos das sociedades tradicionalmente monogâmicas vão à procura de fêmeas Economicamente Fragilizadas [mais 'dóceis'] oriundas de outras sociedades... ora, todavia, no entanto, recusar este caminho... deve ser um legítimo Direito ao qual os machos devem ter acesso!



F.Rui.A.R.

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