A Grécia, o Syrisa e a União Europeia
A coragem e o desespero deram-se as mãos num grito de esperança, na manifestação de raiva e no corajoso desafio à União Europeia.
A Grécia, tal como Portugal, empobreceu com os empréstimos que colocaram a dívida a níveis intoleráveis, e conduziram o País ao desespero, fome, miséria e humilhação. Cada dia foi maior a dívida e o desemprego, mais penosa a vida e mais intangível o equilíbrio financeiro. Entre a espada e a parede, o eleitorado escolheu a espada.
A Grécia tudo suportou, incluindo a repressão policial, mas a humilhação ultrapassou o limite que a dignidade permite. Não é apenas o país, berço da nossa civilização, que não sabe como reagirá a União Europeia, de que não pode ser expulsa, é esta que terá de decidir o que fazer com a Grécia.
Seria lamentável que à vontade expressa nas urnas se seguisse uma vingança, à guisa de vacina que advirta os povos para os limites da própria liberdade.
Eu teria votado Syrisa e, pelo menos, respeito a decisão do povo grego. Estou solidário, mas não eufórico, com a vitória da democracia, a manifestação de coragem e o exemplo de um povo que os burocratas da troika humilharam continuamente.
Eu sei do que estes líderes europeus são capazes, da crueldade com que o capital pune, dos riscos que corre quem desafia a europa alemã, capaz de homenagear serventuários e incapaz de ser solidária, como, depois da guerra, foram para com ela.
Fico, em pungente ansiedade, solidário com a Grécia, a pensar em Portugal, à espera de que os deuses do Olimpo não sejam derrotados por uma única e execrável divindade – os mercados –, e pela raiva dos países mais poderosos da União Europeia.
A Grécia, tal como Portugal, empobreceu com os empréstimos que colocaram a dívida a níveis intoleráveis, e conduziram o País ao desespero, fome, miséria e humilhação. Cada dia foi maior a dívida e o desemprego, mais penosa a vida e mais intangível o equilíbrio financeiro. Entre a espada e a parede, o eleitorado escolheu a espada.
A Grécia tudo suportou, incluindo a repressão policial, mas a humilhação ultrapassou o limite que a dignidade permite. Não é apenas o país, berço da nossa civilização, que não sabe como reagirá a União Europeia, de que não pode ser expulsa, é esta que terá de decidir o que fazer com a Grécia.
Seria lamentável que à vontade expressa nas urnas se seguisse uma vingança, à guisa de vacina que advirta os povos para os limites da própria liberdade.
Eu teria votado Syrisa e, pelo menos, respeito a decisão do povo grego. Estou solidário, mas não eufórico, com a vitória da democracia, a manifestação de coragem e o exemplo de um povo que os burocratas da troika humilharam continuamente.
Eu sei do que estes líderes europeus são capazes, da crueldade com que o capital pune, dos riscos que corre quem desafia a europa alemã, capaz de homenagear serventuários e incapaz de ser solidária, como, depois da guerra, foram para com ela.
Fico, em pungente ansiedade, solidário com a Grécia, a pensar em Portugal, à espera de que os deuses do Olimpo não sejam derrotados por uma única e execrável divindade – os mercados –, e pela raiva dos países mais poderosos da União Europeia.
Comentários
A ideia de 'resgate' é, em si mesma, muito aparentada às penitências cristãs (católicas e/ou protestantes).
Embora o 'castigo' não possa ser revertido de um dia para o outro pouca gente na Europa pensará que a reestruturação (ou a renegociação) das dívidas possa ser evitada ou sequer adiada.
O resultado das eleições gregas tornou inadiável esse passo (que não é de coelho).
Acabou o tempo das medidas impostas como 'sem alternativas' que se tornou o armamentário preferido dos partidos de direita.
O que a Europa conseguirá, i. e., até aonde será possível ir, tornou-se a questão emergente.
O tiro de partida para uma nova fase da construção europeia foi dado este domingo. É imparável esta dinâmica.
Os líderes europeus não terão muitas mais oportunidades. Entramos no decisivo caminho do pegar ou largar...