Coisas…

A «distração e a falta de dinheiro» estiveram na origem da delinquência perpetrada por Passos Coelho ao fisco e à Segurança Social. Ainda que seja injusto duvidar de “Um homem invulgar”, segundo a biografia de Felícia Cabrita, fica a vaga sensação de ser um oportunista amoral e analfabeto que comete os delitos de forma reiterada: "Nunca deixei de pagar o que o Fisco me convidou a pagar", como se a liquidação de impostos, à semelhança do anúncio do último casamento de Miguel Relvas, se fizesse por convite.

Entendo os novos descamisados, para cujo acréscimo o atual Governo tem contribuído, mas não posso aceitar que um sem-abrigo, que recebeu 60 mil euros como subsídio de reintegração, na qualidade de deputado caído no desemprego, em vez de procurar um lugarzinho, para cujo desempenho possuía habilitações literárias mínimas e padrinhos à altura, tenha almejado ser primeiro-ministro de Portugal.

Relvas e Marco António tiveram mais responsabilidade do que Cavaco Silva, cujo ódio ao Governo antecedente era manifesto; mas que máquina publicitária e com que meios levaram um distraído e indigente prevaricador fiscal a líder do PSD?

Estranha-se que, apesar do medíocre percurso académico e do sinuoso percurso de vida, Passos Coelho não tenha noção da incompatibilidade do seu passado com as funções do presente. Atemoriza pensar que os seus assessores, apesar do medo do desemprego, não lhe digam que as funções de PM, num país europeu, estão vedadas aos padrões éticos do Zimbabué ou à desfaçatez do sátrapa da Região Autónoma da Madeira.

Cavaco Silva, por mais receio que tenha dos amigos de Passos Coelho, não pode manter em S. Bento um indivíduo venal que só paga quando solicitado e dá aos contribuintes os argumentos para arriscarem a fuga.

A decadência ética desta maioria e deste Governo feriu os alicerces do Estado de direito de tal modo que o PR jamais pode fingir ignorância. Passos Coelho está a uma distância cultural e política incomensurável do homólogo grego mas, desconhecendo o que é um conto de crianças, ofendeu-o de forma primária com a mesma leviandade com que conta aos portugueses as suas traquinices ao fisco e à Segurança Social.

A demissão já não é questão política, é uma elementar medida de higiene que livrará do vexame quem aceitou ser ministro, na convicção de que seria currículo o cadastro que fica.

É urgente «convidá-lo» a sair.

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