Notas Soltas _ fevereiro de 2015
Notas soltas: fevereiro/2015
Grécia – A falta de solidariedade da União
Europeia tem mais de ideológico do que de pragmático. Perante uma dívida que
todos sabem impagável não é apenas a Grécia que abre falência, é a União
Europeia que se suicida.
PM – O desprezo
da luta grega de Alexis Tsipras e Yanis
Varoufakis, quando Portugal é a vítima que se segue, deprimido pelo peso da
dívida insustentável, revela a diferença ética, cultural e política que o
separa dos dois patriotas gregos.
Alemanha – A
ministra portuguesa das Finanças, a tirar uma foto com o seu homólogo alemão,
foi a mascote de Schauble para
desafiar a Grécia, abdicando da dignidade que restava a Portugal,
submerso pela crise da dívida soberana e com a pobreza a aumentar.
Serviços Secretos
– A supervisão de Paulo Mota Pinto, que aceitou deixar as funções e voltou,
depois de falhar a sinecura no BES, revela o declínio ético de serviços
sensíveis, onde se atropelam direitos e traficam influências, com ilegalidades
e suspeitas.
PR – O silêncio,
face à denúncia de corrupção, violação dos segredos de Estado, abuso do poder e
acesso ilegítimo a dados pessoais pelo superespião J. Silva Carvalho, cuja
audição foi impedida pela maioria, na AR, inquieta os defensores do Estado de
direito.
A. R. – Os deputados
que votaram, por unanimidade, a transladação de Eusébio para o Panteão
Nacional, subverteram a honraria, à semelhança do que aconteceu com Amália
Rodrigues, e tornaram gritante a omissão de Saramago, Salgueiro Maia ou Sá
Carneiro.
Economia – Desmentindo
a propaganda, «Portugal apresenta desequilíbrios excessivos que exigem ação
política decidida e monitorização específica», segundo advertência do
Comissário Europeu dos Assuntos
Económicos, Pierre Moscovici.
Comissão Europeia
– O novo presidente, Jean-Claude Juncker, ex-líder do Eurogrupo, declarou que a "troika é pouco democrática, falta-lhe
legitimidade" e "Pecámos contra a dignidade dos povos,
especialmente na Grécia e em Portugal e muitas vezes na Irlanda". Um
Governo patriótico retirava conclusões e exigia ser ressarcido.
Tratado Orçamental
– O Governo grego tornou-se popular para os cidadãos europeus, não pela
ideologia mas pelo pragmatismo, provando que o rumo atual atira a UE para o
precipício. Aparecerão forças e governantes diferentes para evitarem o
suicídio?
Partido Democrático
Republicano (PDR) – O novo partido tem como cara e ideologia o
ex-bastonário da Ordem dos Advogados. Por mais azedume que provoque, pode ser a
charneira do espetro partidário. Não espantará que venha a ser o 3.º partido
mais votado.
PS/CDS – O
preparação de listas conjuntas revela bem o medo do julgamento eleitoral. O CDS
evita tornar-se irrelevante e o PSD beneficia do método de Hondt para atenuar a
dimensão da derrota. É o fim do pior Governo, maioria e PR do regime
democrático.
Vaticano – A
atribuição do barrete cardinalício ao patriarca de Lisboa, tradição desde o
século XVIII, levou a Roma um luzido séquito, a assistir à criação do solitário
cardeal, chefiado pelo vice-PM Portas, o membro do Governo mais calejado em
atos pios.
Líbia – Assolada
por lutas tribais, com dois parlamentos, duas capitais e dois Governos, um
nacionalista e outro islâmico, regressou à Idade Média e ao califado. Entre a
Tunísia e o Egito, o Mediterrâneo trará para a Europa mais vagas de refugiados
e jihadistas.
Islão – Perante a
impotência da Europa e dos EUA, frequentemente responsáveis, como obsoletos
cruzados, do Iraque à Líbia, da Síria à Nigéria, os cristãos vão desaparecendo,
degolados ou foragidos, numa espiral de violência sectária que já invadiu a
Europa.
Ucrânia – O
alvoroço com que os europeus apoiaram a destituição de um déspota eleito
democraticamente, numa provocação gratuita à Rússia, que a Nato insiste em
humilhar, criou a situação perigosa cujo desfecho será a desonra ou a tragédia
da UE.
Espanha – A
oposição de Rajoy contra a troica revelou-se sensata. A pressa de Passos
Coelho, recusando o PEC-IV e ansiando pela troica, é a nódoa que perseguirá os
que deviam vigiar-lhe a inexperiência e defender os interesses de Portugal.
António Gentil
Martins – O ex-bastonário da Ordem dos Médicos, distinto cirurgião
pediátrico, designou o S.N.S. de «feito histórico irresponsável». O incurável
salazarista e eterno adversário do SNS continua insensível à dívida ao «feito
histórico».
Venezuela – Um
governo eleito democraticamente perde a legitimidade quando prende e persegue
adversários políticos. As dificuldades criadas pela drástica descida do preço
do petróleo não servem de desculpa à repressão e a declarações místicas e ridículas.
José Luís Terreiro
– Na perda do amigo da juventude, associo-me à dor da viúva e dos filhos,
homenageando o primeiro presidente da Comissão Administrativa do Concelho de
Almeida, após termos derrubado o último edil da ditadura. Até sempre.
Estado Islâmico –
É o estado do Islão, com decapitações, assassínios, homens a arder em jaulas,
ao som de gritos selvagens, “Deus é grande e Alá o seu Profeta”, e, por fim, a
queima de livros e a ruína de três mil anos de história preservados no Museu de
Mossul.
Alemanha – O Acordo
de Londres de 27 de fevereiro de 1953, sobre a dívida alemã da guerra, adotou
três princípios fundamentais: 1. Perdão/redução substancial da dívida; 2. Reescalonamento
da dívida a longo prazo; 3. Condicionamento das prestações à capacidade de
pagamento do devedor. Entre os países que perdoaram 50% da dívida alemã estão a
Espanha, Grécia e Irlanda. Ironia da História!
Passos Coelho –
Apanhado no incumprimento das prestações contributivas à Segurança Social,
durante 5 anos, o atual PM atribuiu culpas à S.S., que não o avisou. Pior do
que a forma como então se governava é a forma como agora governa.
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