A coeducação e o Islão

Durante a ditadura salazarista a coeducação era a exceção onde os professores do sexo masculino não podiam dar aulas no ensino primário. Não era problema para os homens que, sendo escassos, tinham prioridade nas escolas masculinas, era mimetismo religioso a circular das igrejas para as escolas públicas e privadas, estas da Igreja.

A coeducação foi uma conquista civilizacional que juntou nas mesmas escolas crianças, adolescentes e adultos com a clara discordância do clero, por natureza misógino.

Foi com incómodo, pois, que me apercebi da programada integração de refugiados no concelho de Penela onde, "A coordenadora do projecto admite que o processo seja relativamente lento – por exemplo, no início, as aulas de português serão dadas aos homens e às mulheres em grupos separados. Ela diz esperar, no entanto, que "dentro de poucos meses" consiga juntá-los na mesma sala. Para isso, contribuirão, acredita, o exemplo de outros elementos da equipa, como a intérprete, tunisina e muçulmana, que também reside em Portugal."

Não sei se os objetivos justificam o método intermédio mas a laicidade parece-me posta em causa e a cedência dispensável.

Ver página 1, penúltimo parágrafo do Público.

Comentários

Jaime Santos disse…
Carlos, aqui discordamos. Falamos de pessoas que vivem num dado contexto civilizacional e que ainda por cima estão traumatizadas e desenraizadas. Parece-me que podemos e devemos mostrar alguma compreensão por isso. Se tentarmos impor-lhes os nossos valores de uma assentada, muito provavelmente irão rejeitá-los. Desde que este procedimento seja transitório, eu acho-o não só perfeitamente aceitável, como prudente. De recordar que há também turmas só para alunas de etnia cigana, porque de outro modo os seus pais não as deixam ir à Escola. Isto de algum modo compromete igualmente a coeducação, mas contribui para a educação das mulheres dessa etnia, factor essencial para que elas comecem a fazer valer os seus direitos nessas comunidades. Transigir no que é acessório para poder ser intransigente no que é essencial é sempre uma boa estratégia.
Jaime Santos:

Um ponto de vista respeitável mas que não é o meu.

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