Passos Coelho e… o anunciado fim!

A afirmação categórica de Santana Lopes de que não será candidato à Câmara de Lisboa link coloca o PSD, liderado por Passos Coelho, entre a espada e a parede.
 
Até aqui Passos agarrou-se às questões europeias e foi deixando o tempo correr sonhando com a ‘natural’ implosão das ‘posições conjuntas’, assumidas por toda a Esquerda, e que um dia, ou outro, apareceria o ‘diabo’ que o recolocaria na ‘crista da onda’ da política interna.
 
O ‘diabo’ tem sido um ente para além de mítico, imaterial, fantasioso e que se apresenta com aspecto muito multifacetado: primeiro, foi a impossibilidade de cumprir o deficit; depois, foi a não convergência entre a Esquerda para elaboração e aprovação dos Orçamentos de Estado; passando de seguida, por um modelo macroeconómico incapaz de provocar crescimento (um mito que começa a ‘esboroar-se’) pela desvalorização da ‘paz social’ como factor de desenvolvimento; e, finalmente, o tal mafarrico parece inclinado a virar-se para o problema da dívida a reboque de uma situação internacional instável, subsidiária de ‘onda populista’ tendo o seu epicentro nos EUA.
 
No presente, o PSD aposta na detioração do rating da República que nos afastasse do financiamento externo. Nesse sentido, tudo fez para perturbar o processo de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (um dos sues calcanhares de Aquiles em política europeia) o que em parte conseguiu, por inépcia governamental.
Tendo chegado ao fim do desastrado epílogo do 1º. acto da recapitalização da CGD, no sentido da sua manutenção como um banco exclusivamente público, o que pode esperar é que, a partir de agora, esse processo seja acelerado já que não é tolerável que a Esquerda repita os mesmo erros e, porque, esse ajuste do sistema financeiro é um dos vectores essenciais para estimular e apoiar o crescimento económico.
 
Finalmente, ontem, o homem que julgava que o tempo iria jogar a seu favor encontra-se confrontado com um imenso vazio na política interna.
A preparação pelo PSD para as eleições municipais está irremediavelmente atrasada e a recusa de Santana Lopes introduz um novo e importante factor de perturbação. É por assim dizer o 'haraquíri político' de Passos Coelho.
Para além da deserção dos ‘cabeças de cartaz’ (evidente sinal da desacreditação da actual liderança) são previsíveis enormes dificuldades – um pouco por todo o lado – já que poucos serão os que disporão a sujeitar-se a candidatar-se sem saber se qual o aparelho partidário que lhe estará por detrás.
Corremos o risco de termos uma ‘chuva de independentes’ (resultantes de desavenças internas) … o que seria mais uma abundante e trágica perversão do sistema político-partidário português.

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