2.º CENTENÁRIO DO SINÉDRIO
De Gomes Freire de Andrade a’O Sinédrio e à monarquia liberal
Quando o prestigiado general português, liberal e grão-mestre do GOL, foi vítima de um simulacro de julgamento e executado de forma infamante, Portugal interrogou-se sobre o abandono da família real e a presença indesejada de Beresford, inglês que comandava o Exército e era regente do reino.
Portugal era, na sequência das invasões francesas, um país arruinado e sem autoestima. A família real, refugiada no Brasil, abandonara o País e a dignidade, ao arbítrio de um general inglês, cada vez mais odiado.
Foi neste ambiente que fermentou o ‘Vintismo’, período histórico bem documentado e que deu origem ao liberalismo, precedido pela crueldade sangrenta do miguelismo, que acabou derrotado. As tropelias de D. Miguel, a ambição da mãe, Carlota Joaquina, e os crimes do miguelismo terminaram com a derrota e a renúncia de D. Miguel a quaisquer veleidades reais, em Évora Monte, e conduziram à monarquia liberal.
Hoje, no segundo centenário do Sinédrio, a associação secreta criada sobre os auspícios da maçonaria, é a esta associação, ao seu objetivo de preparar a revolução, e aos seus fundadores que devemos homenagear. É dever recordar o juiz desembargador portuense Manuel Fernandes Tomás, José Ferreira Borges, José da Silva Carvalho e João Ferreira Viana, que a criaram no Porto, em 22 de janeiro de 1818, sob a liderança do primeiro.
Foi a associação (Sinédrio) que conduziu à Revolução do Porto e à queda de Beresford (1820), impedido de desembarcar em Lisboa no regresso do Brasil, onde, depois das execuções do Campo de Santana e do general Freire de Andrade em S. Julião da Barra, fora pedir, e conseguiu, o aumento dos seus poderes, por indignidade de D. João VI.
Devem-se ao Sinédrio as primeiras eleições realizadas em Portugal (dezembro/1822) e a Constituição que consagrou os princípios da liberdade e igualdade dos cidadãos perante a lei (alheios à origem social, abolindo os privilégios do clero e da nobreza) e consagrando os três poderes (legislativo, executivo e judicial).
D. João VI, com medo de ser afastado do trono, voltou a Portugal em 1821. Em 1822 jurou (teve de conformar-se) a Constituição Portuguesa. Desta forma, Portugal passou da monarquia absoluta para monarquia liberal (de acordo com a Constituição de 1822).
(Publicado às 24H00 do dia 22)
Comentários
Na realidade, no mesmo local onde uns (como Freire de Andrade) heroicamente morrem pela Pátria, i. e. são executados no 'altar da Pátria', outros (como Passos Coelho) ajoelham-se despudoradamente numa abjecta prova de vassalagem.
Se existe o mínimo de pudor republicano a chanceler alemã deveria ter sido recebida, por exemplo, no Forte de Peniche ou em Caxias...