O PSD e a chicana política

A melhor forma de esconder as trapalhadas dentro de casa é espreitar pelas frinchas da porta do vizinho e ver o que pretende, sem se preocupar com o que encontra.

A UE descobre que o governante Miguel Relvas deu dinheiros europeus à Tecnoforma, quando Passos Coelho era administrador, e que esse dinheiro foi desviado. A exigência da devolução de 6 milhões de euros, transforma em escândalo a vice-presidência da AG de uma IPSS pelo ministro da Segurança Social, quando o não era, por não ter vigiado a corrupção na instituição. Nem sequer se soube quem era o presidente nem se referiu o Conselho Fiscal!
A revista Visão denuncia o descaminho de milhões de euros em municípios do PSD, por Marco António Costa, Luís Filipe Meneses, Agostinho Branquinho, Hermínio Loureiro, Virgílio Macedo e Valentim Loureiro, com faturas falsas, empresas de fachada, tráfico de influências, negócios simulados, contratos públicos viciados, fraudes em subsídios, manipulação de contas e iniciativas fictícias. O PSD e o CDS descobrem um ministro que pediu duas borlas, para ele e para o filho, para assistirem a um jogo de futebol.

A ministra da Justiça diz que o mandato longo de PGR é único, posição coincidente com a da PGR, e cria-se o ruído mediático que revelou medo da substituição, gerando maior incómodo à titular do que ao PM, que proporá o nome do próximo PGR ao PR. Não interessa se a PGR reabriu o processo da Tecnoforma, como admitiu, se vão ser constituídos arguidos os membros da rede denunciada pela Visão, se o MP fez tudo o que devia no caso dos submarinos ou no de Dias Loureiro, se o desprezo pelo sistema judicial de Angola é adequado. O ruído permanente encobre os escândalos da direita.

A direita quer que, depois de Cunha Rodrigues, a atual PGR permaneça mais 6 ou 12 anos no cargo, ao contrário de Souto Moura e Pinto Monteiro. Em vez de escolher um líder credível, o PSD procurou desacreditar o PS e impedi-lo de governar. Nem sequer admitiu que a ministra tivesse um lugar europeu reservado para a PGR que entende que o mandato é único.

O PSD pôs a bastonária dos enfermeiros, sua dirigente, a denunciar o caos nas urgências por causa da gripe e, na sanha que a devora, em desatino, voltou a referir os incêndios, como se as situações anómalas pudessem ter meios humanos disponíveis em qualquer parte do mundo.

Em 2017 morreram 115 pessoas em acidentes de trabalho. Não têm a solidariedade da comunicação social nem do PR, PSD ou CDS. A morte no trabalho, tantas vezes por precárias condições de segurança, não tem missas presidenciais, comissões de defesa dos seus interesses, almoços solidários, contas abertas para os familiares. Há mortos que interessa lembrar e os que urge esquecer.

Espera-se que a liderança de Rui Rio leve um módico de decência ao PSD. Pelo menos, não aparecendo os melhores, foram derrotados os piores.

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