Mário Soares – 1.º aniversário da sua morte
Foram homens notáveis os líderes dos partidos que moldaram a arquitetura do regime. Álvaro Cunhal, Mário Soares, Sá Carneiro e Freitas do Amaral, representando cada um interesses de classe divergentes e visões diferentes do mundo, constituíram uma plêiade de políticos à altura dos heroicos capitães de Abril.
As circunstâncias fazem os homens, mas há homens que ajustam as circunstâncias e se projetam na História dos povos. Soares é um exemplo paradigmático.
Mário Soares foi, nos seus defeitos e virtudes, à semelhança de Churchill, Roosevelt ou De Gaulle, um político de dimensão internacional e a figura que deixou maiores marcas nesta segunda República que devemos ao MFA.
Combatente antifascista, sofreu perseguições, prisões e exílios até se tornar o homem de Estado e a grande referência da República nascida em 25 de Abril de 1974.
Todos os democratas acabaram por votar nele, pelo menos uma vez. A sua dimensão de Estadista e o amor à liberdade fizeram dele o alvo dos afetos e dos ódios que perduram na ignóbil petição à Assembleia da República, certamente assinada pela escória fascista, a pedir aos deputados a recusa do seu nome na toponímia de um aeroporto.
É também por isso que, tendo estado tantas vezes do lado oposto ao seu, sinto o dever patriótico de lhe render a mais viva homenagem no 1.º aniversário da sua morte.
Mário Soares, republicano, laico e democrata, foi o maior vulto desta segunda República portuguesa.
Comentários
O povo não lhe reconheceu, à hora da morte, o estatuto do falecido que refere.
João Pedro
Reconheceu-lho em vida e, para a minha geração, no exílio e na prisão.