A comparação de Rui Rio a Cavaco Silva
David Justino (PSD), um sociólogo que foi deputado, ministro e assessor de Cavaco, diz que este e Rui Rio “são duas personalidades muito diferentes”, mas “na parte de respeito institucional são iguais”.
Sendo a primeira afirmação claramente favorável ao novo líder do PSD, não se percebe se é elogio ou vitupério a segunda, vinda de um indefetível de Cavaco e Durão Barroso.
Não sei se Rui Rio será ou não um bom líder do PSD, mas a comparação com Cavaco é sempre ofensiva e, em relação ao respeito institucional, não podia ser mais acintosa. Se o objetivo era denegri-lo perante os portugueses não podia ter sido mais contundente.
Deixemos de parte os negócios pessoais e o nebuloso passado do salazarista para quem a Pide era uma patriótica instituição, tendo concedido a torcionários seus, pensões por relevantes serviços à pátria.
Quando a AR aprovou o estatuto dos Açores, um diploma que, tal como o da Madeira, é excessivo nos poderes conferidos ao Governo Regional, vetou-o, como devia, de acordo com a sua consciência, mas, ao ser-lhe foi devolvido sem alterações, só lhe restava uma atitude institucional, promulgá-lo. Num acesso de ressentimento, foi injurioso para com o Parlamento e a sua legitimidade, sem postura institucional nem elementar compostura. Aliás, só revelou tamanha ira quando o Governo proibiu a acumulação de vencimentos e pensões, tendo prescindido do vencimento de PR, por serem mais suculentas as pensões, limitado a adicionar as despesas de representação indexadas ao vencimento que perdera.
Referir Cavaco como paradigma do respeito institucional, é esquecer como prolongou o governo PSD/CDS, adiando a marcação de eleições até onde a lei permitia, impedindo o futuro Governo de elaborar, em tempo útil, o OE-2016. Atribuir respeito institucional a quem tudo fez para adiar a posse de um governo legitimado pela AR e lesou o País com ressentidos anátemas, para uso interno e reflexos externos nos juros da dívida soberana, é confundir um estadista com um chefe de fação.
Rio tem, decerto, além de maior cultura democrática, o sentido de Estado e uma postura institucional de que a comparação de David Justino o exonera, mas não foram as boas razões que lhe deram a vitória contra a máquina partidária. Os militantes intuíram que o radicalismo tornava irrelevante o seu partido.
O PSD mudou de líder, mas o partido não mudou.
Sendo a primeira afirmação claramente favorável ao novo líder do PSD, não se percebe se é elogio ou vitupério a segunda, vinda de um indefetível de Cavaco e Durão Barroso.
Não sei se Rui Rio será ou não um bom líder do PSD, mas a comparação com Cavaco é sempre ofensiva e, em relação ao respeito institucional, não podia ser mais acintosa. Se o objetivo era denegri-lo perante os portugueses não podia ter sido mais contundente.
Deixemos de parte os negócios pessoais e o nebuloso passado do salazarista para quem a Pide era uma patriótica instituição, tendo concedido a torcionários seus, pensões por relevantes serviços à pátria.
Quando a AR aprovou o estatuto dos Açores, um diploma que, tal como o da Madeira, é excessivo nos poderes conferidos ao Governo Regional, vetou-o, como devia, de acordo com a sua consciência, mas, ao ser-lhe foi devolvido sem alterações, só lhe restava uma atitude institucional, promulgá-lo. Num acesso de ressentimento, foi injurioso para com o Parlamento e a sua legitimidade, sem postura institucional nem elementar compostura. Aliás, só revelou tamanha ira quando o Governo proibiu a acumulação de vencimentos e pensões, tendo prescindido do vencimento de PR, por serem mais suculentas as pensões, limitado a adicionar as despesas de representação indexadas ao vencimento que perdera.
Referir Cavaco como paradigma do respeito institucional, é esquecer como prolongou o governo PSD/CDS, adiando a marcação de eleições até onde a lei permitia, impedindo o futuro Governo de elaborar, em tempo útil, o OE-2016. Atribuir respeito institucional a quem tudo fez para adiar a posse de um governo legitimado pela AR e lesou o País com ressentidos anátemas, para uso interno e reflexos externos nos juros da dívida soberana, é confundir um estadista com um chefe de fação.
Rio tem, decerto, além de maior cultura democrática, o sentido de Estado e uma postura institucional de que a comparação de David Justino o exonera, mas não foram as boas razões que lhe deram a vitória contra a máquina partidária. Os militantes intuíram que o radicalismo tornava irrelevante o seu partido.
O PSD mudou de líder, mas o partido não mudou.
Ponte Europa / Sorumbático
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